A nomeação de Vítor Fernandes para liderar o conselho de administração do Banco de Fomento está congelada devido à operação Cartão Vermelho, em que é arguido o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira. A revelação foi feita pelo ministro da Economia ao garantir que vai ser nomeado um presidente interino para o Banco de Fomento, que vai ficar responsável pelas verbas da bazuca europeia, o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“Entendemos que deve ser protegida a situação do banco, das suas equipas operacionais e assegurar-mos que esta situação, que tem que ser investigada e apurada, não acabe por contaminar a posição do próprio Banco de Fomento”, disse Siza Vieira.
Já antes o Banco de Portugal (BdP) tinha garantido que “toda a informação” relativamente a Vítor Fernandes, indicado pelo Governo para a presidência do Banco de Fomento e a quem foram agora apontadas ligações a Luís Filipe Vieira, “será devidamente ponderada”.“Toda a informação será devidamente ponderada pelo Banco de Portugal no exercício das suas competências”, disse fonte oficial do regulador bancário. Isto significaria que, o regulador poderia decidir – ou não – pela abertura de um processo de reavaliação de idoneidade de Vítor Fernandes que, após ter sido indicado pelo ministro da Economia para ‘chairman’ do novo Banco Português do Fomento (BPF), passou já (tal como os outros elementos da gestão) por uma avaliação de idoneidade e competências técnicas feita pelo banco central, num processo conhecido como fit and proper.
Recorde-se que o nome de Vítor Fernandes foi indicado pelo ministro Pedro Siza Vieira para presidente do Conselho de Administração do BPF, aguardando ainda o parecer da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (Cresap) para ocupar o cargo, assim como os restantes membros da administração do banco.
Tal como o Nascer do SOL avançou, Vítor Fernandes é suspeito de ter transmitido informação privilegiada a Luís Filipe Vieira. Na mira do Ministério Público estão créditos totais de 408,9 milhões que foram alvo de reestruturação após proposta do administrador Vítor Fernandes e aprovação da Comissão Executiva do Novo Banco liderada por António Ramalho. Também um jurista do Novo Banco, Álvaro Neves, é mencionado no despacho.
O PAN, o Bloco de Esquerda (BE) e a Iniciativa Liberal vieram já manifestar-se contra a nomeação de Vítor Fernandes para o BPF, tendo em conta a sua ligação a Luís Filipe Vieira. O PAN reclamou que o parlamento tome “uma posição formal” para exigir ao Governo que retire a proposta de nomeação Vítor Fernandes para o BPF e vai apresentar um projeto de resolução nesse sentido. Já a Iniciativa Liberal defendeu no domingo, em comunicado, que Vítor Fernandes não tem condições para desempenhar as funções de presidente do Conselho de Administração do Banco de Fomento, assinalando que é “uma das pessoas que Luís Filipe Vieira está impedido de contactar no âmbito das medidas de coação impostas pelo juiz de instrução” Carlos Alexandre. Também a coordenadora do BE, Catarina Martins, tinha feito o mesmo sublinhado, numa apresentação de candidaturas autárquicas em Vila do Conde, distrito do Porto.