Acuña: “Disseram que me iam matar”

Acuña: “Disseram que me iam matar”


14ª sessão ficou marcada pelo testemunho do jogador argentino 


O jogador do Sporting Marcos Acuña foi hoje ouvido no tribunal de Monsanto e relatou as agressões que sofreu aquando do ataque à academia do clube no ano passado. O mesmo revelou que o ameaçaram de morte e disseram que sabiam onde morava e onde estavam os seus filhos.

Durante a 14ª sessão do julgamento da invasão à academia 'leonina', que aconteceu a 15 de maio de 2018, o jogador argentino de 28 anos descreveu o sucedido durante o ataque. 

"O William [Carvalho] tentou fechar a porta [do balneário], mas eles entraram. Perguntaram por mim e pelo Battaglia, dirigiram-se a nós e começaram a atacar-nos. Dirigiram-se a mim quatro a cinco pessoas. Primeiro, deram-me uma bofetada e depois murros e pontapés, enquanto diziam 'não mereces essa camisola'. Tentaram tirar-me o equipamento, não conseguiram, e ameaçaram-me. Disseram que me iam matar, que sabiam onde é que eu vivia e onde é que os meus filhos iam à escola", relatou o atleta.

Acuña contou que após o ataque ligou à família e disse para esta "fechar a porta e ligar o alarme". Confessou ainda sentir "medo, mais pela mulher e pelos filhos" e que durante algum tempo andou sempre a "olhar para trás, para ver se estava a ser seguido".

O jogador argentino contou ainda ao coletivo de juízes, presidido por Sílvia Oires, que outros elementos dos invasores abordaram o compatriota Rodrigo Battaglia e que o atingiram com um garrafão de água de 25 litros.

Apesar de afirmar não se lembrar de muita coisa daquilo que os invasores disseram naquele dia, Acuña relembra ter ouvido que "se não ganhássemos o próximo jogo no domingo [final da Taça de Portugal contra o Desportivo das Aves], não sabíamos o que é que nos ia acontecer".

Bruno de Carvalho disse para claque "fazer o que quisesse"

Para além de Acuña, também Vasco Santos, antigo diretor de operações do Sporting, foi ontem ouvido e relatou uma reunião que se deu a 7 de abril de 2018, aproximadamente um mês antes do ataque, entre os dirigentes leoninos e a claque Juventude Leonina.

Segundo o mesmo, nessa reunião esteve o antigo presidente do clube, Bruno de Carvalho, André Geraldes, à data diretor desportivo, e Bruno Jacinto, na altura oficial de ligação aos adeptos, tal como o presidente da Juve Leo, Nuno Vieira Mendes – conhecido por Mustafá – e cerca de 40 elementos da claque.

A reunião teve por objetivo "apaziguar os ânimos exaltados daquele grupo organizado de adeptos e pedir desculpa" aos adeptos. Nela, o líder da Juve Leo e os restantes elementos presentes tiveram a oportunidade de falar diretamente para Bruno de Carvalho e demonstrar o seu descontentamento para com as publicações feitas pelo mesmo aquando da derrota da equipa frente ao Atlético de Madrid dois dias antes, bem como a forma como este se tinha dirigido aos atletas.

A claque mostrou-se ainda indignada pelas prestações da equipa e sugeriu aos dirigentes "mais cânticos, mais tarjas, frases, coreografias específicas para puxar pelos jogadores", ou até "deslocarem-se a Alcochete para falarem com os jogadores e tentarem incentivar". Perante isto, Bruno de Carvalho terá dito "organizem-se, façam o que quiserem e depois informem-me".

Segundo Vasco Santos, o antigo presidente "estava farto de estar ali e queria embora", "estava cansado e saturado", para além de no momento "não estar nas melhores condições, pois tinha a mulher hospitalizada". No entanto, a testemunha reforçou que em nenhum momento da reunião se falou em agressões ou ameaças a jogadores.