Relatório revela que nos últimos 15 anos mais de 500 mulheres foram assassinadas em Portugal

Relatório revela que nos últimos 15 anos mais de 500 mulheres foram assassinadas em Portugal


Este ano já morreram 28 mulheres e outras 27 foram alvo de violência extrema em tentativas de homicídio.


Nos últimos 15 anos em Portugal, foram assassinadas mais de 500 mulheres em contexto de relações de intimidade. Só este ano morreram 28, baleadas, estranguladas ou espancadas até à morte. Muitas eram vítimas recorrentes de violência doméstica.

Os dados são do Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA), da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), e constam do relatório preliminar que é apresentado, esta sexta-feira em Lisboa.

Além das 28 vítimas mortais, os números do OMA dão ainda conta de outras 27 tentativas de homicídio. A mais do que preocupante realidade é a de que em média houve três mulheres assassinadas todos os meses e uma média de cinco mulheres vítimas de formas de violência extrema.

"No que concerne à relação existente entre vítimas e homicidas, à semelhança dos anos anteriores, continuamos a verificar que 53% das mulheres assassinadas mantinha uma relação de intimidade presente com o homicida ao passo que 21% já tinha procurado romper com essa relação", lê-se no relatório, citado pela agência Lusa.

"As relações de intimidade — presentes e anteriores — representam 74% do total de femicídios noticiados", refere o mesmo documento.

O relatório inclui ainda o número de filhos das mulheres assassinadas este ano, ao todo são 45, dos quais 26 eram fruto de uma relação anterior e 16 tinham vítima e agressor como progenitores. No total 16 eram menores de idade.

As estatísticas revelam ainda que o grupo etário que registou mais femicídios foi o das mulheres com idades entre os 36 e os 50 anos (43%), imediatamente seguido pelo grupo etário acima dos 65 anos (21%), sendo que metade das vítimas estava inserida no mercado de trabalho.

Já o homicida tem idades entre os 36 e os 50 anos (32%) e entre os 51 e os 64 anos (25%), e a maior parte (57%) estava empregado.

Recorde-se que em janeiro forma mortas sete mulheres, sendo este o mês em que se registaram mais homicídios neste contexto. Na distribuição geográfica, Lisboa surge à frente com sete casos de mulheres assassinadas, seguindo-se Braga e Setúbal, os dois com quatro casos cada.

"A residência continua a ser o espaço onde a maior parte dos femicídios foram praticados (71%), seguido dos crimes na via pública (18%)", revela ainda o relatório, que adianta também que a maioria dos crimes ocorreu durante a noite ou de manhã.

A maioria das mulheres (13) foi morta com recurso a arma de fogo, mas houve também oito casos de mulheres esfaqueadas, três espancadas, três estranguladas ou uma morta por asfixia.