A diretora da Unidade de Mama do Centro Clínico Champalimaud lamentou que a Autoridade do Medicamento não autorize a toma de uma “classe” de medicamentos que aumenta a sobrevida – que é o tempo de vida após um limite, geralmente o diagnóstico da doença terminal – dos portadores de cancro da mama. Segundo Fátima Cardoso, o novo medicamento em causa foi aprovado pelo Infarmed para ser administrado em mulheres após a menopausa.
“[O Infarmed] está a sonegar às mulheres jovens com cancro da mama avançado uma classe de medicamentos que aumenta a sobrevida”, diz a médica oncologista ao Jornal de Notícias. “Está a acelerar a morte de doentes jovens com cancro da mama avançado”.
A coordenadora desta unidade explica que a toma deste medicamento pode aumentar a sobrevida em um ano, quando a média são três.
Fátima Cardoso defende ainda uma maior rapidez por parte do Infarmed na avaliação e aprovação de medicamentos, à medida que vão sendo apresentados novos estudos. A apresentação desta nova classe de medicamentos resultou de de uma investigação feita nos últimos dois anos.
Segundo a Lusa, o Infarmed afirma “não ter conhecimento de nenhuma lacuna terapêutica a aguardar decisão de financiamento para a terapêutica de cancro da mama positivo para recetores hormonais". O regulador acrescenta ainda que estão disponíveis no Serviço Nacional de Saúde “terapêuticas adequadas nos vários tipos de mecanismo de ação, inclusive para mulheres antes, durante e depois da menopausa”.
No Congresso Internacional sobre Cancro da Mama Avançado, que começa esta quinta-feira, Fátima Cardoso recomendará a administração deste medicamento, onde a diretora da unidade vai recomendar que esta nova classe de medicamentos seja disponibilizada a todos os doentes com o subtipo de cancro hormonodependente, sejam mulheres, antes ou após a menopausa, ou homens.