Detetada bactéria multirresistente no Hospital de Coimbra

Detetada bactéria multirresistente no Hospital de Coimbra


Direção da Unidade Hospitalar confirma que pelo menos oito pessoas foram colonizadas, no entanto nenhuma está infetada


O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) reduziu a atividade e não está a aceitar novos utentes para internamento na Unidade de Transplantação Hepática devido à deteção de uma bactéria multirresistente no serviço. O Conselho de Administração do CHUC fez saber que esta situação tinha já sido sinalizada no dia 18 à direção clínica do hospital, bem como identificados os fatores de risco.

Segundo a mesma fonte, “os exames clínicos e as análises efetuadas permitem concluir que oito doentes se encontram colonizados por CPE – Enterobacteriaceae produtoras de carbapenemases – e não infetados”. O CHUC confirma que devido a essa colonização já “estão em curso as medidas consideradas adequadas e necessárias para o controlo desta situação, e a melhoria das condições existentes na Unidade em causa”.

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra esclarece que as bactérias em causa, as Enterobacteriaceae, “fazem parte da flora intestinal normal dos seres humanos, local onde habitam sem provocar doença” e que apenas podem causar infeções caso atinjam outros locais do organismo de pessoas suscetíveis, como a corrente sanguínea.

Segundo Emanuel Furtado, em declarações ao Público, a admissão de doentes que venham de fora encontra-se neste momento suspensa devido ao “problema infeccioso”. “Estamos a tentar evitar que doentes que não estão internados adquiram a bactéria”, explica o diretor do programa de transplantes hepáticos àquela publicação. Acrescenta ainda que espera que a situação esteja solucionada dentro de uma semana e meia.

O CHUC explica ainda que “quando esta bactéria habita o intestino dos seres humanos sem provocar doença, a isto chama-se “colonização” e a pessoa diz-se “portadora”. Os portadores podem manter-se colonizados durante meses a anos, mas não necessitam de tratamento”. Contudo, segundo Emanuel Furtado, “o problema fundamental é a infeção”. O hospital explica que já foram entretanto tomadas as medidas para contenção e resolução do surto, tais como a desinfeção e a separação dos “portadores”. 

Esta situação ao nível do transplante hepático, transplante de fígado, está “administrativamente reduzida no polo de adultos, devido ao problema infeccioso nesta unidade”, de acordo com o diretor do programa. Quanto à Unidade de Transplante Hepático Pediátrico, essa encontra-se a funcionar na sua normalidade, não sendo afetada nem pela não admissão de novos doentes, nem pela infeção.

Não está previsto que os doentes já internados, a aguardar transplante, tenham de ser transferidos para outras unidades hospitalares e espera-se que estes possam mesmo ser transplantados caso surja um órgão compatível. Num comunicado enviado às redações, o CHUC confirma que a administração está a tentar reforçar os recursos humanos na Unidade de Transplantação Hepática.