"O Governo decidiu [a requisição civil] com base em informação distorcida feita chegar pela ANTRAM [Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias] e não teve o mínimo cuidado de perceber o porquê de as cargas não estarem a ser efetuadas", afirmou à agência Lusa o porta-voz do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias, Anacleto Rodrigues, naquele que é o segundo dia de greve. Para o dirigente, o problema é o facto de as cargas serem feitas "em comboio" e "isso agrava o tempo" de conclusão dos serviços e essa decisão foi tomada com base "no número de cargas feitas e não no número de trabalhadores ao serviço, já que número de trabalhadores ao serviço foi de 100%".
"Uma coisa é um camião circular livremente. Chega ao parque em Aveiras, carrega e vai para o aeroporto. Outra coisa é uma caravana de vários camiões, em que o primeiro a carregar tem de ficar à espera de que o 12.º esteja carregado para depois partirem todos juntos. Isso agrava muito os tempos de viagem, de carga, de descarga", esclareceu Rodrigues, acrescentando que "com todos estes constrangimentos e com os trabalhadores a fazerem só oito horas, verificou-se que, afinal de contas, [os serviços mínimos estipulados] não chegavam". A verdade é que a maioria dos motoristas de carga geral não aderiu à greve, de acordo com o sindicalista e isso deve-se à questão de "gozarem de uma outra liberdade", sendo que muitos trabalham em transportes internacionais e estão fora do país.
Recorde-se que o Governo decretou a requisição civil – assegura “o regular funcionamento de certas atividades fundamentais, cuja paralisação momentânea ou contínua acarretaria perturbações graves da vida social, económica e até política em parte do território num setor da vida nacional ou numa fração da população” e constitui uma medida de caráter excecional e de emergência – na última segunda-feira e o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Tiago Antunes, justificou a tomada desta medida pelo facto de os sindicatos não terem assegurado os serviços mínimos "particularmente no turno da tarde".
A greve que teve início na segunda-feira decorrerá por tempo indeterminado e o objetivo principal dos sindicatos – Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) – é a obtenção de uma progressão salarial.
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