O constitucionalista Vital Moreira responde à carta aberta de Manuel Alegre em defesa das touradas e considera que “não faz nenhum sentido invocar a liberdade do gosto contra uma prática violenta, cruel, sangrenta e degradante, para satisfação sádica de protagonistas e espetadores, à maneira dos espetáculos circenses da antiga Roma”.
A polémica nasceu com a afirmação feita pela ministra da Cultura, no parlamento, de que a tauromaquia “não é uma questão de gosto, é de civilização”. Manuel Alegre insurgiu-se, desde o início, contra as palavras da ministra e condenou, num artigo publicado hoje no jornal Público, a “tentação de interferir nos gostos e comportamentos das pessoas”.
Vital Moreira garante, em resposta a Alegre, que “há muitos outros gostos e tradições que o desenvolvimento humano e cultural tornou intoleráveis”. Num texto publicado no blogue Causa Nossa, o ex-deputado do PS não se surpreende que a “direita mais tradicional” defenda as touradas, porque “elas fazem parte integrante da cultura marialva”, mas não compreende “o que leva alguma esquerda a admirar um espetáculo tão violento e tão sangrento, assente no sofrimento causado a seres vivos indefesos, para gozo público”.
O constitucionalista acredita que as touradas vão acabar e que “os intelectuais que hoje as defendem” serão olhados com “a mesma estranheza com que hoje olhamos os defensores pretéritos de outras ‘tradições’ execráveis”.