Há um caso na medicina que está a chocar os especialistas. Depois de uma mulher de 53 anos ter morrido de ataque cardíacos, os seus órgãos foram doados a cinco pessoas. Quatro delas acabaram por desenvolver cancro.
O caso passou-se na Holanda. Antes dos transplantes, os médicos realizaram vários exames para analisar o estado dos órgãos em causa – o coração, pulmões, rins e fígado – e nada foi detetado. No entanto, agora sabe-se que os órgãos tinham micrometásteses que acabaram por contaminar os recetores, levando três pessoas à morte.
O primeiro caso detetado foi uma mulher de 42 anos que desenvolveu um tumor na mama. O diagnóstico foi feito 16 meses depois de ter recebido os pulmões, e o cancro acabou por se espalhar a outros órgãos e a paciente acabou por morrer. Nas análises feitas post mortem, os médicos chegaram à conclusão que as células cancerígenas surgiram através do dador.
Depois disto, as outras três pessoas que receberam os órgãos foram avisadas e foram feitos testes de despistagem. Nada de irregular foi identificado. Quatro anos depois o paciente que recebeu o fígado foi diagnosticado com cancro. O doente recusou-se a retirar o órgão doado, fez tratamento por radiação, mas acabou por falecer três anos depois quando o tumor regressou.
Os dois pacientes que receberam os rins da mulher de 53 anos, também foram diagnosticados com cancro, em alturas diferentes. No entanto enquanto um deles acabou por perder a vida em dois meses, o outro pediu aos médicos que lhe retirassem o órgão transplantado e, depois de ter feito um tratamento de quimioterapia, ficou livre de perigo.
O paciente que recebeu o coração foi o único onde não foi detetado nenhum tumor, no entanto o doente morreu por complicações não relacionadas com o dador.
O estudo feito a este caso particular foi publicado em julho na American Journal of Transplantation. “Este é o primeiro caso de transmissão de cancro da mama como resultado de um transplante de uma pessoa para quatro pacientes”, afirmam os responsáveis do estudo acrescentando que "Não há estudos anteriores que detetassem um grande intervalo entre o transplante e a manifestação do tumor".