Entrada das 35 horas na Saúde pode criar rutura “como não há memória” alertam Farmacêuticos

Entrada das 35 horas na Saúde pode criar rutura “como não há memória” alertam Farmacêuticos


Em carta enviada ao ministro da Saúde, farmacêuticos chegam mesmo a dizer que pode estar “em causa a segurança dos doentes”


A partir de 1 de julho entra em vigor as 35 horas de trabalho semanais para os profissionais de saúde, no entanto os farmacêuticos acreditam que esta medida poderá provocar uma rutura de prestação de cuidados nos hospitais "como não há memória". Mesmo que se contrate novos profissionais até lá, não vai dar tempo para “acudir às falhas” que se irão registar no início do mês, o que poderá mesmo pôr "em causa a segurança dos doentes".

Com o objetivo de criar um “planeamento atempado”,  a Ordem dos Farmacêuticos enviou uma carta ao ministro da Saúde onde pede a prorrogação do prazo para a medida entrar em vigor. “Temos recebido, nos últimos dias, vários apelos à intervenção da Ordem (…), pois estará em causa a segurança dos doentes no que ao medicamento diz respeito”, pode ler-se na carta. “No que concerne aos recursos humanos, a situação vivida na maioria dos serviços farmacêuticos é tão grave que está posta em causa a segurança dos doentes.”

O cansaço, o excesso de pressão e a acumulação de funções podem aumentar o risco de ocorrência de “erros graves”, alertam ainda os farmacêuticos. “Temos fundados receios de que possa acontecer alguma situação que coloque os doentes em risco, e profissionais numa situação insustentável”, afirmou a bastonária Ana Paula Martins.

“O que queremos é que o governo tenha consciência de que é preciso contratar recursos para garantir que a medida com que se comprometeu (alargamento [a outro trabalhadores] das 35 horas de trabalho semanal) não coloca em causa a segurança dos doentes”, acrescentou a representante dos farmacêuticos.

A Ordem dos Farmacêuticos denuncia ainda que “o alargamento em breve ao regime das 35 horas de trabalho semanal vai agravar o problema de base, há muito identificado, pode comprometer a qualidade assistencial e com isso potenciar riscos de segurança aos doentes”. Até porque, a maioria dos serviços farmacêuticos existentes nos hospitais públicos “está a reportar impactos na dispensa de medicamentos aos doentes em regime de ambulatório”, denuncia ainda a carta.

A passagem dos enfermeiros, assistentes e técnicos superiores das atuais 40 horas semanais para as 35 horas tem gerado vários alertas ao Ministério da Saúde para a necessidade de contratação de profissionais. Adalberto Campos Fernandes garantiu no parlamento que serão contratados dois mil profissionais de saúde na primeira vaga de recrutamento, prevista para o próximo mês. O ministro da Saúde disse ainda que há dois anos foram traçados cenários semelhantes, e que o sistema tem conseguido ajustar-se às necessidades.