Eurovisão. E agora quem será amado?

Eurovisão. E agora quem será amado?


A Eurovisão chega hoje ao fim. A partir das 20h00, saber-se-á quem é o sucessor de Salvador Sobral, o responsável pela primeira edição do festival em Portugal. O Jardim, de Cláudia Pascoal, não está entre os favoritos mas, em organização, a vitória já está assegurada com elogios de toda a parte.


H á um ano em Kiev, Amar Pelos Dois relançou o compromisso entre o Festival da Canção e os portugueses e garantiu uma inédita organização do concurso em Lisboa. 

A canção foi elogiada nos mais variados quadrantes – internacionais incluídos – e mereceu amplo número de versões. O reconhecimento mais expressivo veio de Caetano Veloso, ídolo confesso de Salvador Sobral, com quem fará um dueto esta noite no espetáculo preparado para a final, em que apresentará o novo single Mano a Mano (letra de Maria do Rosário Pedreira e música do pianista Júlio Resende com quem divide tarefas nos Alexander Search). Um dueto inédito entre Ana Moura e Mariza, Branko (e os convidados Sara Tavares, Mayra Andrade e Dino D’Santiago) mostrarão faces da música de ADN português. E o já tradicional desfile de bandeiras será feito ao som dos Beatbombers, a dupla constituída por DJ Ride e Stereossauro.

Porém, a curiosidade só estará saciada quando se conhecer o sucessor da canção escrita por Luísa Sobral para a voz gentil do irmão Salvador. O Jardim, de Isaura e Cláudia Pascoal, a nona canção a subir ao palco do Altice Arena depois das 20h00, não é um dos principais favoritos à vitória. O 22.º lugar nas sondagens é apenas quatro casas acima da cauda da tabela. De forma consistente, Toy da israelita Netta Barzilai era apontada como a grande candidata nas bolsas de apostas mas Fuego da cipriota Eleni Foureira passou, esta semana, para a frente nas sondagens e é agora a principal favorita. O ensaio geral de segunda-feira, em que o júri foi chamado a votar, correu de feição a Eleni, que conquistou também uma votação esmagadora na opinião dos sites de fãs que estavam presentes no Press Center. When We’re Old da lituana Zasimauskaite é a terceira colocada entre as apostas. 

A concorrente israelita não é aprovada por Salvador Sobral. Da edição deste ano, Sobral apenas conhece «a canção portuguesa e a de Israel, porque o YouTube me obrigou a vê-la. Coisas da tecnologia», contou ao Público. «De repente, o YouTube achou que eu iria gostar da canção de Israel, e então abri aquilo e saiu-me de lá uma música horrível. Eu pensei: YouTube, muito obrigado, mas não é por aqui», disparou. Em resposta, a cantora israelita deixou «apenas amor» a Salvador Sobral após as críticas. Netta preferiu não alimentar a polémica, deixando «apenas amor ao Salvador, e a artistas de todos os géneros».

Ao todo, 26 países estão apurados para a final. Por ordem de entrada em cena, Ucrânia, Espanha, Eslovénia, Lituânia, Áustria, Estónia, Noruega, Portugal, Reino Unido, Sérvia, Alemanha. Albânia,França, República Checa, Dinamarca, Austrália, Finlândia, Bulgária, Moldávia, Suécia, Hungria, Israel, Holanda, Irlanda, Chipre e Itália. 
Do coro que acompanha o concorrente da Áustria, Cesár Sampson, fazem parte os portugueses Ricardo Soler e Kiko Pereira.

Vença quem vencer, Portugal já saiu vitorioso na estreia a organizar a Eurovisão. «Não me recordo de uma semifinal tão forte desde que faço a Eurovisão», elogiou em conferência de imprensa Jon Ola Sand, supervisor executivo da Eurovisão em nome da EBU (European Broadcasting Union, ou a União Europeia de Radiodifusão), que, em cooperação com a RTP, assegura a produção e difusão do festival. «O que vimos na primeira semifinal foi o resultado dessa cooperação desde o primeiro dia. Foi um espetáculo memorável em termos de qualidade musical», sublinhou. 

Para receber a Eurovisão, foi acionado um plano de segurança sem precedentes, nem em acontecimentos de escala mundial como o Euro 2004 ou os MTV EMA, em 2005 (ver páginas seguintes). 

Sílvia Alberto, Catarina Furtado, Daniela Ruah e Filomena Cautela são as apresentadoras de uma cerimónia que será transmitida para todo o mundo, exceto a China. Isto porque a Hunan TV, um dos canais mais populares da China e que detém os direitos de transmissão do concurso, além de não ter emitido as atuações da Albânia e da Irlanda, censurou bandeiras LGBT agitadas pelo público. 

A reação foi pronta. A organização rescindiu «com efeitos imediatos» o acordo com a Hunan TV. O canal chinês já não foi autorizado a transmitir a segunda meia-final, desta quinta-feira, nem poderá emitir a final. Viram a primeira semifinal perto de um milhão de espetadores. A vitória de Salvador Sobral foi presenciada por 3,2 milhões.