Rui Rio: “PSD deve iniciar a sua preparação para as eleiçõs autárquicas de 2021”

Rui Rio: “PSD deve iniciar a sua preparação para as eleiçõs autárquicas de 2021”


No discurso de abertura do Congresso Nacional, Rui Rio afirmou que o PSD apresenta-se nas eleições para ganhar


Depois de Passos Coelho lhe lançar o desafio "difícil" de liderar o PSD, Rui Rio subiu ao palco para afirmar: o objetivo do PSD "é sempre ganhar", ser "os primeiros".

"Os primeiros em todas as eleições que nos apresentamos como partido", prosseguiu Rio, "todas são importantes mas, em face da evolução que temos tido desde 2005, entendo que o PSD deve iniciar, desde já, a sua preparação para as próximas eleições autárquicas de 2021, de forma a reconduzir o nosso partido à liderança que foi o seu apanágio durante tanto tempo".

Sobre o tão falado bloco central, Rio afirmou que o governo perde "tempo com o que não existe nem existirá". "Não é, aliás, fácil de entender a lógica das declarações de dirigentes do PS e dos outros dois partidos da extrema-esquerda, quando se apressam a referir que a coligação orçamental está segura e que não há qualquer hipótese de um bloco central".

"Perdem tempo com o sexo dos anjos, porque na ânsia de querer marcar permanente presença no teatro mediático, até se esquecem do mais óbvio", afiram Rio. "Esquecem-se que não ganharam as eleições e que, em nenhuma outra circunstância, o PS pode liderar um governo, em face dos resultados das últimas legislativas".

Para o ex-autarca do Porto, "uma coisa é estarmos disponíveis para dialogar democraticamente com os outros e cooperarmos na busca de soluções para os graves problemas nacionais", explicou, "coisa diferente é estarmos disponíveis para nos subordinarmos aos interesses dos outros".

Rui Rio acusou o governo de se preocupar "em olhar mais para o presente e para a sua popularidade imediata e menos para uma construção sólida e segura do nosso futuro coletivo". "Um governo que não aproveita um ciclo económico positivo para robustecer o futuro e preparar o país para os ciclos negativos, é um governo que governa mal", critica o novo líder da oposição. "Governa mal , mesmo quando pode parecer que governa bem. Porque entre o ser e o parecer está justamente o interesse de Portugal e, em particular, das futuras gerações", acrescenta.

"Um governo que, para benefício da sua imagem, anunciou há duas semanas, com a necessária ênfase, que conseguiu trazer para Portugal um grande investimento estrangeiro", referindo-se à Google que instalará as suas instalações em Oeiras, "quando questionado porque não vai essa importante criação de emprego para uma zona interior do país, confessa que nada teve a ver com a vinda desse investimento, nem com a escolha da sua localização".

A Passos Coelho, Rui Rio deixou um agradecimento: "Caro Pedro, em nome do nosso partido, muito obrigado pelo que fizeste por Portugal". "O tempo é o melhor juiz da nossa passagem por este mundo. É ele o único que consegue separar em definitivo o importante do secundário. É ele que valoriza para sempre o relevante e coloca na sua verdadeira dimensão o acessório", afirmou o novo líder do partido.

Rio dedicou ainda a sua vitória a Santana Lopes, pois "parte da vitória de um qualquer vencedor, pertence sempre aos seus adversários, pois, sem eles, a vitória não tem nunca a força e a dimensão que só uma difícil disputa eleitoral consegue dar".

Sobre a tarefa que assume agora, o ex-autarca deixa a mensagem que irá "governar para as pessoas", com "coerência" porque "ao contrário do que muitos protagonistas da nossa vida política e social pensam, o povo percebe bem melhor do que se julga, quando somos verdadeiros ou quando estamos a ser falsos", disse.

"Temos de, no nosso dia-a-dia, resistir sempre ao discurso fácil e politicamente correto", afirmou Rio, "porque temos de ter sempre, como elemento norteador, os princípios que subjazem à nossa própria fundação, que mais não são do que servir o interesse público à luz da social-democracia", 

Rio defendeu ainda a reforma estrutural do sistema político de forma a ser possível "voltar a construir um genuíno contrato de confiança entre os cidadãos e as democracias". Para o ex-autarca, desvalorizar esta reforma leva "a viver numa democracia que, cumprindo o seu plano formal, não deixará de se continuar a enfraquecer do seu ponto de vista substantivo"