O administrador executivo do grupo Lena, Joaquim Paulo Conceição, deixa de ser arguido no processo Operação Marquês. Lalanda e Castro e Rui Pedro Soares vão ser investigados em processos à parte.
Joaquim Conceição durante a investigação andou em bolandas. Em 2006, foi ouvido pelo MP já na qualidade de arguido para, no seguimento das suas declarações, passar a testemunha. Quase um ano depois, em Março de 2017, viria a mudar de novo de estatuto regressando à estaca zero. Agora, com o despacho de acusação, salta de vez da lista dos acusados. No entanto, durante a investigação, o MP suspeitava que o administrador executivo do grupo de Leiria teria sido um dos peões de Sócrates para ocultar o recebimento de vantagens indevidas.
Joaquim Conceição surge ligado a um negócio fictício em Angola entre Hélder Bataglia (também arguido) e o grupo Lena que apenas serviu para fazer chegar à esfera de Sócrates oito milhões de euros, uma parte das luvas do seu envolvimento nas três fases do processo dos negócios da PT que contribuirão para atirar a telefónica portuguesa ao charco.
Em causa estava um terreno da Lena, conhecido como Kanhangulo, que apenas foi adquirido pela a Eninvest, uma entidade alegadamente associada a Hélder Bataglia, suspeito de responsável pelo ‘saco azul’ do BES Angola.
O nome de Joaquim Paulo da Conceição surge ainda ligado a um outro esquema. Com a morte do irmão de José Sócrates, a 3 de agosto de 2011, foram acumuladas dívidas por um carro alugado (Audi A5). O valor em causa era de 30 mil euros que deveriam ser pagos à Rentlei, uma empresa de rent-a-car do grupo Lena.
Por indicação de Carlos Santos Silva, que trocou emails com Joaquim Conceição, sobre o assunto, o valor da dívida foi assumido pelo grupo Lena sendo descontado na conta corrente do alegado testa de ferro do ex-primeiro-ministro.
Ana Petronilho e Felícia Cabrita