Suspeito de assassinar empresário foi ‘segurança’ de Marinho e Pinto

Suspeito de assassinar empresário foi ‘segurança’ de Marinho e Pinto


Um dos suspeitos de ter assassinado o empresário de Braga cujo cadáver foi dissolvido em ácido sulfúrico foi ‘segurança’ de Marinho e Pinto na campanha para as Legislativas de 2015. O secretário-geral do Partido Democrático e Republicano é o alegado autor moral do crime. E outro suspeito do estrangulamento do empresário, o ‘Bruxo da Areosa’,…


Um dos dois suspeitos do assassínio do empresário de construção civil cujo cadáver foi dissolvido num bidão de ácido sulfúrico foi, meio ano antes, o segurança de António Marinho e Pinto na campanha das eleições legislativas de 2015 – de acordo com os depoimentos do alegado autor moral, de uma testemunha e das fotos anexas ao processo. O dito segurança – Rafael Silva (‘O’Neill’) – é igualmente acusado de ter auxiliado o famoso ‘bruxo da Areosa’ a estrangular João Paulo Fernandes.

Quanto ao ‘bruxo’, indiciado por sequestro e estrangulamento do empresário, foi candidato a deputado pelo Partido Democrático Republicano (PDR), liderado igualmente por Marinho e Pinto. Finalmente, o alegado autor moral dos crimes era o secretário-geral do mesmo partido, o advogado Pedro Bourbon.

Tais revelações constam do livro Bourbons e Bruxo – Crime Bárbaro e Inédito em Portugal, do jornalista Joaquim Gomes, baseadas em dados do processo que anteontem devia ter começado a ser julgado no Tribunal de São João Novo, com sete presos preventivamente.

‘Álibi partidário’

A acusação do Ministério Público e o despacho da juíza de instrução criminal do Porto convergem para um suposto ‘álibi partidário’ por parte do alegado autor moral, Pedro Bourbon, que aquando da sua detenção pela Polícia Judiciária afirmou que, aquando dos crimes – sequestro numa sexta-feira, 11 de março de 2016, e assassínio no dia seguinte -, esteve «em reuniões» em Lisboa e em Évora, ambas com Marinho e Pinto.

A juíza, Isabel Ramos, destaca «o envolvimento de Pedro Bourbon nos crimes, apesar de ter tido sempre o cuidado de não estar directamente envolvido nos factos, arranjando o ‘álibi’, a reunião partidária que era sempre às sextas‑feiras e ‘coincidentemente’ o rapto ocorreu precisamente a uma sexta-feira».

O livro, com a chancela de Rui Costa Pinto Edições, foi lançado esta semana, contando a forma como alegadamente os principais arguidos se terão aproveitado das actividades partidárias para manterem uma ‘vida dupla’, incluindo dois irmãos de Pedro Bourbon, ex-cabeça de lista do Partido Democrático Republicano pelo Círculo de Braga.

João Paulo de Araújo Fernandes, de 41 anos, que estava emigrado em França e vinha duas vezes por mês passar fins-de-semana com a filha, foi vítima de um dos crimes mais macabros de sempre em Portugal, com alguns contornos de que não há memória em Portugal, segundo se destaca num relatório final das investigações da PJ.

Todos os arguidos pedem habeas corpus

Os sete arguidos em prisão preventiva acusados pelo rapto e morte do empresário de Braga já solicitaram a sua libertação imediata, através de um pedido de habeas corpus, referindo estarem alegadamente em prisão ilegal há cerca de dois meses e meio.

Emanuel Marques Paulino, os irmãos Bourbon e o segurança Rafael Silva formalizaram pedidos de habeas corpus entre quinta-feira e ontem, tal como Luís Filipe Monteiro, cunhado de Emanuel Paulino. Hélder Moreira, mediador de seguros, que colaborou com as autoridades, também já solicitou a sua libertação imediata, invocando o mesmo instituto do habeas corpus. 

Na base do pedido, que será decidido pelo Supremo, está o facto da Relação do Porto ter mandado repetir diligências, no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, tendo voltado assim o processo para trás, fazendo com que o prazo limite das suas prisões preventivas tivesse esgotado a 17 de Março, isto é, há já dois meses e meio.

O julgamento esteve para começar na quinta-feira de manhã, no Tribunal de São João Novo, mas a decisão do Tribunal Relação do Porto levou a que nem tivesse começado.

O líder do partido, Marinho e Pinto escusou-se a falar sobre este caso. «Como presidente do PDR não faço qualquer comentário», disse ao SOL.