Os dias horribilis de Ana Catarina

Os dias horribilis de Ana Catarina


Rui Moreira apontou a secretária-geral adjunta do PS como responsável pela crise entre a sua candidatura e os socialistas.


Ana Catarina Mendes tinha passado o dia a tratar da preparação da convenção autárquica – que se realiza hoje em Lisboa – quando soube do que se estava a passar do Porto. A secretária-geral adjunta do PS ainda tentou emendar a mão da frase que tanto irritou Rui Moreira, mas já vieram tarde as declarações à Lusa a explicar que o quis dizer foi que os socialistas fariam a festa no Porto e não que a conquista da Câmara seria «uma vitória do PS», como começou por dizer ao Observador.

 

A convenção que o PS teria preferido fazer mais tarde

O dia de ontem foi duro. A dirigente socialista de quem a Visão dizia há semanas ser «quem manda no Rato» ficou no centro do furacão e sem conseguir gerir a crise, na véspera do grande evento autárquico que vários socialistas tinham preferido que fosse realizado mais tarde.

Com as listas ainda por fazer e as equipas autárquicas sem nada de concreto para apresentar, vários socialistas tinham aconselhado Ana Catarina Mendes a adiar a convenção autárquica. A secretária-geral adjunta não recuou na intenção e terá uma ‘Carta de Princípios’ assinada por António Costa.

No documento, Costa identifica as eleições autárquicas como «uma batalha política» da maior importância para o PS. Uma frase que noutras circunstâncias seria pacífica, mas que no rescaldo da decisão de Rui Moreira de prescindir do apoio socialista dará lugar a um embaraço.

 

Ana Catarina não deve falar

O momento é complicado e fonte da direção do PS admite ao SOL que Ana Catarina Mendes «não deve falar» hoje no evento em que tanto se empenhou para organizar. Carlos César, o presidente do partido que voou ontem ao final do dia para os Açores, «também não deve falar, apesar de constar do programa». A abertura será feita por Fernando Medina e o encerramento por Costa.

Até agora, Ana Catarina Mendes era vista no PS como alguém que estava a gerir o dossiê autárquico «com eficácia discreta», mas os focos de tensão a Norte começam a pôr essa imagem em causa. Matosinhos, Braga, Fafe e Famalicão são concelhos onde os socialistas estão longe de estar unidos e que Ana Catarina Mendes ainda não conseguiu serenar completamente.

De resto, Rui Moreira fez questão de pôr o ónus da sua decisão na atitude de Ana Catarina Mendes, ressalvando a cooperação «leal» que tem mantido com o presidente da Federação do Porto Manuel Pizarro. Moreira vincou que o problema começou quando a dirigente socialista, em entrevista ao Expresso, garantiu que o PS iria garantir «representatividade» nas listas para o Porto. E agravou-se quando o Largo do Rato se manteve em silêncio perante as declarações do eurodeputado Manuel dos Santos, que disse ao i que Moreira tinha acordado com António Costa um lugar de ministro ou eurodeputado para sair a meio do mandato, deixando a Câmara nas mãos de Pizarro.

Tiago Barbosa Ribeiro, líder da concelhia do PS Porto demarcou-se completamente do que disse Manuel dos Santos, mas a direção nacional optou pelo silêncio. Rui Moreira não gostou e a entrevista de Ana Catarina ao Observador foi a gota de água.

Contactada pelo SOL, Ana Catarina Mendes não esteve disponível para fazer qualquer comentário.