De acordo com um relatório revelado ontem, a S&P considera que a economia portuguesa "deve manter-se no caminho da recuperação moderada" e que o ‘rating’ continua "constrangido pela elevada dívida pública e privada" e por um "sistema bancário que permanece frágil".
"Na nossa visão, o setor bancário português tem de melhorar a sua rentabilidade e eficiência e a sua capacidade de gerar resultados continua pressionada pelos baixos níveis de taxas de juro e elevado volume de ativos problemáticos", refere o documento da S&P. A agência norte-americana estima que 16% dos ativos são créditos problemáticos.
O relatório argumenta que tem havido progressos, mas defende que os bancos têm de reduzir os ativos problemáticos. Segundo a S&P, as medidas implementadas pelas autoridades nesse sentido "pesariam positivamente no 'rating' soberano".
Além disso, refere a agência, poderia melhorar o 'rating' de Portugal se as melhorias da economia excedessem as perspetivas.
O relatório da S&P avalia as economias de Espanha e Portugal e refere que os dois países da Península Ibérica fizeram importantes ajustamentos externos, conseguindo excedentes que comparam com "insustentáveis défices externos que ambos tinham antes de 2008".
Espanha melhor
A S&P destaca a melhoria das exportações, em especial o turismo, tanto de Portugal como de Espanha. Apesar destas semelhanças, a agência vê também diferenças destacando que Espanha lidera a recuperação, com maior crescimento de emprego, consumo e exportações.
A agência de notação admite melhorar para positivo o 'outlook' (perspetiva) do 'rating' do de Espanha atualmente em BBB+ (nível de investimento). A S&P atribui uma notação financeira de 'lixo' à dívida soberana de Portugal ('BB+').
Em meados do mês a agência Lusa noticiou que a Standard & Poor's admitia vir a melhorar o 'rating' de Portugal se o crescimento económico acelerar e se baixar o valor do crédito malparado que pesa sobre o balanço dos bancos.
Neste relatório, a agência estima que a economia portuguesa cresça 1,6% este ano, depois de ter avançado 1,4% no ano passado, enquanto a taxa de desemprego deverá ficar nos 10%.
A notação de ‘lixo’ da SP é semelhante à das outras duas maiores agências, Moody's e Fitch. Apenas a canadiana DBRS classifica Portugal acima do 'lixo'.
Manutenção
Na sexta-feira a Dominion Bond Rating Service (DBRS) manteve a classificação da dívida soberana de longo prazo de Portugal em "BBB" (baixo), sendo que a perspectiva continua "estável".
A DBRS justificou a decisão rating com o facto de Portugal ser da Zona Euro e aderir à estrutura de governança económica da União Europeia, ter uma estrutura favorável da maturidade da dívida pública e um pequeno excedente das contas correntes.
No entanto, alerta, "Portugal também se depara com desafios substanciais, incluindo os elevados níveis de endividamento no sector público e privado, o baixo potencial de crescimento, as pressões orçamentais e o elevado endividamento do setor corporativo"
O ministério das Finanças comentou que a decisão da DBRS de manter o rating e a prespetiva da dívida pública “reconhece o progresso que se tem verificado nos principais desafios que ainda se colocam ao país" e que "reflete os legados da crise, em particular no endividamento e nos créditos em risco".