2017. O que vamos poder ver, ouvir e descobrir

2017. O que vamos poder ver, ouvir e descobrir


Não conseguimos prever as surpresas. Mas podemos dar-lhe já um cheirinho do que vai poder ouvir nas salas de concerto, encontrar nas livrarias e ver nos cinemas ou nos museus ao longo do ano que aí vem.


museus e exposições
Lisboa antiga e contemporânea; Amadeo e Almada; Parreno em Serralves

O estatuto de capital ibero-americana de Cultura, que Lisboa terá em 2017, vai traduzir-se em cerca de 150 eventos, entre exposições, concertos, palestras, cinema e outros espetáculos. A programação, a cargo de António Pinto Ribeiro (ver pág. 41), andará à volta de cinco temas: Passado e Presente, Afrodescendentes, Criação Contemporânea, Migrações e Questão Indígena. Será uma oportunidade para conhecer novos criadores da América Latina mas também para ver obras que não se encontram normalmente acessíveis ao público. A ARCO Lisboa, filial da feira de arte de Madrid, vai associar-se à programação.

Já no Museu de Arte Antiga será possível revisitar a Lisboa dos Descobrimentos numa exposição que estava previsto ter inaugurado no final do ano. ‘A Cidade Global – Lisboa do Renascimento’ promete dar a conhecer aquela que já foi designada como ‘a Nova Iorque do Século XVI’. O Museu das Janelas Verdes vai ainda receber ‘Madonna. Tesouros dos Museus Vaticanos’, na senda da colaboração com grandes instituições europeias que tem realizado nestes últimos anos.

Depois da retrospetiva no Grand Palais, em Paris, e de o Soares dos Reis, no Porto, ter recriado a primeira exposição do pintor em Portugal, o Museu do Chiado reconstitui a segunda exposição de Amadeo Souza Cardoso no nosso país, que teve lugar na Liga Naval Portuguesa, de 4 a 18 de Dezembro de 1916. Para Almada Negreiros, a exposição na Liga Naval foi «mais importante do que a descoberta do caminho marítimo para a Índia».
Almada será, por sua vez, também objeto de uma grande exposição, desta feita na Fundação Gulbenkian. ‘José de Almada Negreiros: uma maneira de ser moderno’ inaugura a 2 de fevereiro.

O MAAT vai finalmente funcionar em pleno, tendo sido encomendada uma instalação ao artista norte-americano Bill Fontana, pioneiro das obras sonoras, para assinalar o primeiro aniversário do museu, em outubro.
Em Cascais, a Casa das Histórias Paula Rego exibe, além de pinturas e desenhos, objetos pessoais e artefactos provenientes do ateliê da artista, na exposição ‘Histórias e Segredos’.

Para Serralves está prevista a primeira mostra em Portugal de Philippe Parreno, artista argelino que já passou por grandes instituições europeias, como a Tate Modern (Turbine Hall), Fundação Beyeler ou coleção Pinault.
arquitetura

Arquitetura

Novos ícones urbanos

Para 2017 está anunciada a inauguração de vários museus. O mais aguardado é o Louvre de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), projeto lançado em 2007 e que tem sido objeto de sucessivos adiamentos. O edifício é assinado por Jean Nouvel e albergará uma coleção que inclui objetos desde a Antiguidade ao século XX, e de várias regiões do planeta.

Em Washington D.C. deverá inaugurar em novembro o Museu da Bíblia, cuja coleção é composta não apenas por livros, mas também por objetos bíblicos e outros artefactos.
Em Gdansk, Polónia, um dos países mais castigados pelo conflito, vai nascer o Museu da II Guerra. Estará em exposição uma seleção do espólio de 25 mil peças, entre fotografias, documentos, uniformes militares, objetos do quotidiano e armamento. 

Entre os edifícios marcantes que ficarão prontos em 2017 encontra-se uma torre icónica: embora se chame 1000 Museum não é um museu, mas um edifício de habitação, e tem a marca de Zaha Hadid, desaparecida em 2016. O gigante Apple vai mudar-se para as suas novas instalações, um edifício circular que já tem sido comparado a um donut mas também a uma nave espacial, e que custou 500 milhões de dólares.

Cinema
Ano de regressos 
Em outubro chegará Blade Runner 2049, com Ryan Gosling como Officer K a desenterrar um segredo que poderá lançar o caos sobre o que resta da sociedade. Em dezembro, o oitavo capítulo de Star Wars, depois da morte de Carrie Fisher, a princesa Leia. Isto no mesmo ano em que Ridley Scott faz o seu regresso a Alien, com a prequela Alien: Covenant, e Danny Boyle ao seu Trainspotting, com uma sequela que surge 20 anos depois do filme original. Com estreia marcada já para janeiro e fevereiro estão vários filmes que a crítica internacional colocou entre os melhores de 2016. Manchester by the Sea, de Kenneth Lonergan, a história de um tio que se vê obrigado a tomar conta de um sobrinho adolescente depois da morte do pai, foi nomeado para cinco Globos de Ouro.

Toni Erdmann, comédia da alemã Maren Ade sobre a relação difícil entre um pai e uma filha adulta, foi por sua vez considerado pela prestigiada Sight & Sound o melhor filme de 2016. Para ver no princípio do ano há ainda Silêncio, de Martin Scorsese que conta a história da perseguição de dois padres jesuítas no Japão, e Paterson, a mais recente obra de Jim Jarmusch, em que Adam Driver é um motorista de autocarros que escreve poemas. Devemos também estar atentos ao regresso de Paul Thomas Anderson, que volta a fazer dupla com Daniel Day-Lewis (depois de Haverá Sangue) num projeto que terá como pano de fundo o mundo da moda na década de 1950. Abdellatif Kechiche, que em 2013 deixou Cannes em sobressalto com A Vida de Adèle (Palma de Ouro), regressa com uma nova história de amor chamada Mektoub is Mektoub. Roman Polanski chamou Olivier Assayas para argumentista do seu próximo filme, Based on a True Story, num ano em que teremos um novo filme de Michael Haneke, Happy End, o primeiro depois do aclamado Amor. No cinema português, destaque para três filmes: Colo, de Teresa Villaverde (ver pág. 40), já em fevereiro; São Jorge, o filme de Marco Martins que deu a Nuno Lopes o prémio de melhor ator em Veneza, e que tem estreia nacional em março, e Fátima / Caminhos da Alma, o novo filme de João Canijo, que acompanha 11 mulheres ao longo de uma peregrinação.

Música
No palco em 2017

Já em janeiro, nos dias 17 e 19, o norte-americano Kurt Vile regressa a Portugal com os seus Lambchop para apresentar o mais recente álbum, FLOTUS. A fechar o mês, dois concertos de grandes talentos portugueses: Aldina Duarte, na Culturgest, a 27 de janeiro; e os Deolinda, dia 28, no Coliseu dos Recreios (dia 4 de fevereiro é a vez do Coliseu do Porto).

Já a entrar em fevereiro, sublinhe-se o regresso a Portugal dos Divine Comedy, de Neil Hannon, que lançaram, este ano, Foreverland. Tocam a 3 de fevereiro no Theatro Circo, em Braga, e no dia seguinte no Teatro Tivoli, em Lisboa. Também seria bonito, nesse dia, podermos dar um salto ao CCB para ver os portugueses Sean Riley And The Slowriders. 

A fadista Gisela João, que em 2016 editou o seu 2.º disco, Nua, vai regressar aos palcos dos coliseus: Porto, a 31 de março, e Lisboa, a 7 de abril. No primeiro dia de abril a pianista francesa Hélène Grimaud vai à Fundação Calouste Gulbenkian apresentar o seu mais recente disco, Water. 

No campo da pop espera-se com muito entusiasmo o concerto de Bruno Mars. O norte-americano estará na Meo Arena, em Lisboa, a 4 de abril (esgotado). Puxando a fita à frente, já no segundo semestre regressam a Portugal os Guns N’ Roses, desta vez, com a formação que encantou durante a década de 1990: Axl, Slash e Duff McKagan, no Passeio Marítimo de Algés a 2 de junho. Ainda no mesmo mês, a 26 de junho, os Aerosmith trazem a Portugal aquela que está anunciada como a sua última digressão, a ‘Aero-vederci Baby! Tour’, no Meo Arena.

Também já se começa a desenhar a época dos festivais de verão, com a eterna competição pelos melhores cabeças de cartaz. O NOS Primavera Sound já terá o seu elenco praticamente fechado e pelo Parque da Cidade, no Porto, de 8 a 10 de junho, passarão nomes como Bon Iver, Justice, Run The Jewels ou Nicolas Jaar. O NOS Alive, de 6 a 8 de julho, já tem confirmadas as presenças de The xx, The Weeknd, Foo Fighters ou Depeche Mode. No Super Bock Super Rock, no Parque das Nações, de 13 a 15 de julho, já se sabe que vão marcar presença os Red Hot Chili Peppers e os Deftones; o MEO Marés Vivas vai receber, a 16 de julho, Sting. Em Oeiras, no EDP Cool Jazz vai estar Jamie Cullum, a 29 de julho.

livros
Oferta supera procura

Omeio editorial promete para 2017 belíssimas propostas, especialmente no terreno da ficção estrangeira, continuando a oferta a superar generosamente a procura. Mas também merece destaque o esforço que, à frente do Teatro Nacional D. Maria II, Tiago Rodrigues tem feito ao apostar na edição do trabalho de dramaturgos e tradutores, que poderá revelar-se vital para o teatro português. A Relógio D’Água continuará a sua triunfante e até avassaladora conquista do campo literário, com apostas tanto ao nível da contemporaneidade como dos clássicos, e já para janeiro promete títulos como A Poesia como Arte Insurgente, de Lawrence Ferlinghetti, e Desobediência Civil, de Hannah Arendt.

Em fevereiro chega A Arte da Vida, de Zygmunt Bauman. A Antígona prepara para os próximos dois anos a publicação de várias obras de Eduardo Galeano, um dos mais inspirados, originais e combativos autores latino-americanos. Por sua vez, a chancela Livros do Brasil publicará O Quarto Enorme, considerado o mais importante trabalho em prosa de E. E. Cummings. Destacamos ainda, pela Assírio & Alvim, a publicação de Épico de Gilgamesh. Considerado o mais antigo poema longo a chegar até aos nossos dias, este épico da Mesopotâmia tem uma história de cerca de 4.000 anos.