Para a maioria dos alunos mais carenciados ensino termina no secundário

Para a maioria dos alunos mais carenciados ensino termina no secundário


Apenas 44% dos beneficiários do escalão A de ação social escolar transitaram para o ensino superior


As desigualdades socioeconómicas continuam a condicionar o acesso ao ensino superior. Relatório com dados do ano letivo 2021/202 revela que 56% dos alunos mais carenciados desistem de estudar após terminar o ensino secundário.

Num capítulo dedicado à equidade no acesso ao ensino superior, o relatório reconhece que “a expansão do ensino superior não conseguiu eliminar desigualdades socioeconómicas, nem se traduziu numa total igualdade de oportunidades no acesso à formação superior”.

Os dados do documento “Revisão do Sistema de Acesso ao Ensino Superior 2022/2023”, referentes às taxas de transição dos alunos do ensino secundário para o ensino superior, mostram disparidades entre os mais e os menos carenciados.

Dos alunos que concluíram o secundário no ano letivo 2020/2021, apenas 44% dos beneficiários do escalão A de ação social escolar transitaram para o ensino superior, o que significa que mais de metade não prosseguiu os estudos.

É uma diferença de 17,6 pontos percentuais em relação aos 78,7% de alunos não beneficiários de ação social escolar que, no ano seguinte, estavam já a frequentar o ensino superior. 

Outro indicador que revela a persistência de desigualdades é a percentagem de alunos colocados em cursos de excelência. Segundo o relatório, publicado na terça-feira nno site da Direção-Geral do Ensino Superior e citado pela agência Lusa, “é sempre mais do dobro” entre os menos carenciados, em relação aos estudantes mais desfavorecidos.

Os autores recomendam, por isso, medidas particularmente focadas nos alunos do escalão A e sublinham a importância das bolsas que, no ensino superior, têm um impacto significativo na probabilidade de um estudante abandonar os estudos até ao final do primeiro ano. Esta possibilidade é sempre inferior quando comparada com os não bolseiros.

No entanto, acrescentam, “a atribuição de bolsas a estudantes socioeconomicamente desfavorecidos, apesar de favorecer a conclusão do ensino superior por parte dos recipientes deste tipo de apoios financeiros, não está necessariamente associada a um alargamento do acesso ao ensino superior por parte deste público-alvo”.