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Ao analisar a situação militar de vários países, o Livro Branco dedica à China 31 das suas mais de 500 páginas – o maior espaço entre todos os países referidos no documento.
Alguns meios de comunicação social japoneses consideram que esta nova edição do Livro Branco é mais dura do que a do ano passado no que respeita à China, recuperando a velha narrativa da "ameaça chinesa" e exagerando ainda mais do que a edição do ano passado no que toca à segurança.
O Livro Branco refere que se espera investir cerca de 43 triliões de ienes (cerca de 276 mil milhões de euros) em despesas com a defesa até 2027, para desenvolver a chamada "capacidade de contra-ataque", reforçar a defesa aérea integrada e as capacidades em novos domínios, como o espaço, a internet e as ondas electromagnéticas.
Alguns analistas sublinham que o orçamento da defesa é mais de 1,5 vezes superior ao do atual Plano de Preparação das Forças de Defesa a Médio Prazo do Japão (2019-2023), o que reflecte as tentativas japonesas de encontrar uma justificação para a sua expansão militar, exagerando as potenciais ameaças dos países vizinhos para se livrar das limitações impostas pela “Constituição de Paz” e assim recuperar o sonho de se assumir como “grande potência militar”.
Os dados do Livro Branco mostram que, nos últimos dez anos, o Japão e os Estados Unidos realizaram 108 exercícios militares conjuntos, quatro vezes mais do que sucedeu anteriormente.
Na nova versão do Livro Branco sobre a Defesa, a expressão "aliança Japão-EUA" e outras palavras relevantes são frequentemente utilizadas. O governo dos EUA tem vindo a classificar erradamente a China como o "desafio geopolítico mais importante", exigindo ao Japão que se mantenha alinhado consigo e desempenhe o papel de multiplicador de forças.
No Japão, o governo de Fumio Kishida deu imediato seguimento ao reforço da aliança com os Estados Unidos, considerando-a como núcleo da segurança nacional.
Afetado pela ineficácia das respostas ao aumento dos preços, o apoio público ao governo de Kishida caiu recentemente, pelo que há analistas que consideram que o exagero quantos às ameaças externas visa desviar as atenções das questões económicas e assim recuperar o apoio popular.
Analistas alertam que esta opção japonesa pela intensificação do militarismo deve preocupar a comunidade internacional, para além de afectar as relações sino-nipónicas. E sublinham que o governo japonês deve evitar o caminho do militarismo e respeitar os seus compromissos internacionais, a bem da paz mundial.