Interessado em trabalhar no estrangeiro?


Em Junho de 2024 abrirão 21 vagas de Deputado ao Parlamento Europeu. Não darão origem a 21 novas caras porque a taxa de repetência deve continuar elevada.


Como a natalidade em Portugal continua baixa nenhum dos 11 novos lugares de Deputado ao PE, criados pela necessidade de manter a proporcionalidade entre eleitores e eleitos – e mesmo beneficiando do Brexit, será atribuído a Portugal.

As eleições decorrerão entre 6 e 9 de Junho, de quinta-feira a domingo, nos diversos Estados-membros da União Europeia. Em Portugal a tradição na escolha do dia da eleição é domingueira e o feriado de 10 de Junho convidará à ponte e, com alguma boa vontade, ao voto antecipado que, infelizmente e ao contrário do que se passa com as eleições para a Assembleia da República, ainda não tem previsão legal. Haverá grande curiosidade em relação aos resultados eleitorais. As eleições para o PE tendem, como as autárquicas, a castigar o Governo em funções. Aumentando a abstenção por via dos banhos de mar iremos discutir o seu contributo para o resultado eleitoral: as preferências de voto distribuir-se-iam pelos abstencionistas da mesma forma que pelos votantes, ou a abstenção beneficia mais uns partidos e prejudica mais outros?

Quase dois anos e meio depois das últimas legislativas o PSD quererá mostrar ter uma alternativa ao Governo. Em tese, a lista de candidatos ao PE pelo maior partido da oposição deveria tentar fazer prova de competência para integrar um futuro Governo, em vez de recorrer às tradicionais quotas intra-partidárias: autarcas, Regiões Autónomas, sindicalistas, prémios de bom comportamento dados às eternas esperanças de liderança partidária,… Já um mau resultado do PSD será um convite irrecusável a uma mudança de líder antes das eleições legislativas.

Pelo PS seria bom evitar a tentação de transformar a lista numa vala comum de ex-Ministros, comprando silêncios e atestando lealdades. Uma prova de fé na vitória passaria por fazer eleger para o PE o candidato a Comissário Europeu, considerando que a nova Comissão será votada pelo PE que sair das eleições. Em 2019 o ensaio falhou, mas não há razões para não repetir a tentativa.

Há quem, como os portugueses em busca de médico de família, se tenha posto na fila com meses de antecedência e esteja já em campanha, nos diversos estúdios das televisões ditas de “informação”, para garantir um lugar elegível.

2024 trará também um novo episódio de chaises musicales europeias, com a vacatura das presidências da Comissão, do Conselho e do PE. Os arranjos entre as três grandes famílias políticas europeias (PPE, socialistas e liberais) não se deverão alterar de forma significativa, mas é possível que a Presidência do Conselho, a vagar em Dezembro de 2024 e actualmente entregue aos liberais, possa ser atribuída aos socialistas, com a consequência provável de abrirem mão do cargo de Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança. Se, em Portugal, às eleições para o PE se seguirem eleições parlamentares antecipadas a posição negocial do Governo português, formalmente em funções, mas com eleições marcadas, mesmo que não se tenha convertido, ou sido convertido pelo Presidente da República, num Governo de gestão, não deixará de estar mais enfraquecida. Nas chaises musicales as escolhas são feitas por quem se senta à mesa do Conselho Europeu, mas aplicando uma taxa de desconto aos que já perderam as eleições ou correm sério risco de as vir a perder. Difícil é fazer-se “escolher” com efeitos para o futuro se, entretanto, se realizarem eleições nacionais que venham a ser ganhas por outros actores políticos.

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Em Junho de 2024 abrirão 21 vagas de Deputado ao Parlamento Europeu. Não darão origem a 21 novas caras porque a taxa de repetência deve continuar elevada.


Como a natalidade em Portugal continua baixa nenhum dos 11 novos lugares de Deputado ao PE, criados pela necessidade de manter a proporcionalidade entre eleitores e eleitos – e mesmo beneficiando do Brexit, será atribuído a Portugal.

As eleições decorrerão entre 6 e 9 de Junho, de quinta-feira a domingo, nos diversos Estados-membros da União Europeia. Em Portugal a tradição na escolha do dia da eleição é domingueira e o feriado de 10 de Junho convidará à ponte e, com alguma boa vontade, ao voto antecipado que, infelizmente e ao contrário do que se passa com as eleições para a Assembleia da República, ainda não tem previsão legal. Haverá grande curiosidade em relação aos resultados eleitorais. As eleições para o PE tendem, como as autárquicas, a castigar o Governo em funções. Aumentando a abstenção por via dos banhos de mar iremos discutir o seu contributo para o resultado eleitoral: as preferências de voto distribuir-se-iam pelos abstencionistas da mesma forma que pelos votantes, ou a abstenção beneficia mais uns partidos e prejudica mais outros?

Quase dois anos e meio depois das últimas legislativas o PSD quererá mostrar ter uma alternativa ao Governo. Em tese, a lista de candidatos ao PE pelo maior partido da oposição deveria tentar fazer prova de competência para integrar um futuro Governo, em vez de recorrer às tradicionais quotas intra-partidárias: autarcas, Regiões Autónomas, sindicalistas, prémios de bom comportamento dados às eternas esperanças de liderança partidária,… Já um mau resultado do PSD será um convite irrecusável a uma mudança de líder antes das eleições legislativas.

Pelo PS seria bom evitar a tentação de transformar a lista numa vala comum de ex-Ministros, comprando silêncios e atestando lealdades. Uma prova de fé na vitória passaria por fazer eleger para o PE o candidato a Comissário Europeu, considerando que a nova Comissão será votada pelo PE que sair das eleições. Em 2019 o ensaio falhou, mas não há razões para não repetir a tentativa.

Há quem, como os portugueses em busca de médico de família, se tenha posto na fila com meses de antecedência e esteja já em campanha, nos diversos estúdios das televisões ditas de “informação”, para garantir um lugar elegível.

2024 trará também um novo episódio de chaises musicales europeias, com a vacatura das presidências da Comissão, do Conselho e do PE. Os arranjos entre as três grandes famílias políticas europeias (PPE, socialistas e liberais) não se deverão alterar de forma significativa, mas é possível que a Presidência do Conselho, a vagar em Dezembro de 2024 e actualmente entregue aos liberais, possa ser atribuída aos socialistas, com a consequência provável de abrirem mão do cargo de Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança. Se, em Portugal, às eleições para o PE se seguirem eleições parlamentares antecipadas a posição negocial do Governo português, formalmente em funções, mas com eleições marcadas, mesmo que não se tenha convertido, ou sido convertido pelo Presidente da República, num Governo de gestão, não deixará de estar mais enfraquecida. Nas chaises musicales as escolhas são feitas por quem se senta à mesa do Conselho Europeu, mas aplicando uma taxa de desconto aos que já perderam as eleições ou correm sério risco de as vir a perder. Difícil é fazer-se “escolher” com efeitos para o futuro se, entretanto, se realizarem eleições nacionais que venham a ser ganhas por outros actores políticos.