O sinal vermelho é para parar. Braga tem o chip e vira o Benfica do avesso. O sinal amarelo é para travar. Paços acciona-o com um penálti ao cair do pano e oBenfica perde a ocasião de estender a diferença para nove pontos em relação ao Porto, derrotado pelo Marítimo na véspera. O sinal verde é para avançar. O Benfica aproveita a dica, por Salvio, mas é apanhado em contrapé pelo Rio Ave. Primeiro Ukra (penálti), depois Del Valle em cima dos 90 minutos.
É a 50.a derrota do Benfica na Liga por reviravolta (contra 53 do Porto e 59 do Sporting), a terceira na era Jorge Jesus. A sorte do Benfica é o Nacional. Ou o Porto. Pela terceira vez esta época, o onze de Lopetegui não se dá bem com a vantagem e desperdiça-a.Depois de Guimarães (1-1) e Estoril (2-2), é a vez do Nacional (1-1). Et voilà, repete-se 2013-14, quando o Porto não ganha uma única vez na Madeira (relembramos o 1-0 do Marítimo no parágrafo anterior). Aí, como agora, Helton num jogo e Fabiano noutro. Ele há coincidências.
O Sporting dá 4-1 ao Vitória e a onda verde cresce, apesar de acabar com dez homens pela segunda vez seguida em casa. É o fado do leão: arranhar com menos unhas. A nove pontos do líder e a seis do vice, oSporting anima-se para o resto da época e o Jamor ali tão perto.
Seja como for, a luta do título está entregue a Benfica ou Porto. E a Porto ou Benfica. Um dos dois é campeão. Se for Lopetegui, é o primeiro espanhol a coroar-se em Portugal (há três anos, Mourinho dá-nos o título da Liga ao serviço do Real Madrid). Se for Jesus, é o primeiro treinador português a sagrar-se bicampeão pelo Benfica. O Porto, por exemplo, tem uma mão cheia deles: Artur Jorge, António Oliveira, José Mourinho, Jesualdo Ferreira e Vítor Pereira. O Sporting tem só um (Cândido de Oliveira). O Benfica cerca de zero. Será Jesus? Oito jornadas em falta, um clássico na Luz pelo meio e uma vantagem de três pontos. Mais importante ainda: e depois?
E depois do final da época, Jesus vai ou fica (pelo sétimo ano seguido)? É um braço-de-ferro cíclico porque os treinadores estão sempre no mercado e porque os presidentes ambicionam sempre mais com menos. E o menos é tudo: menos dinheiro para salário e menos estrangeiros no onze. Neste caso, Vieira não quer pagar tanto a Jesus (4 milhões de euros brutos/ano) e já o alerta para um corte salarial há mais de dois anos. O resultado é 0-0 e Jesus continua a ser o 11.o treinador mais bem pago do mundo.
Renova-se a pergunta (que não ainda o contrato): e agora? Em Portugal não há lugar para Jesus. Lá fora, todo um leque de opções. O isco é lançado pelo empresário Jorge Mendes, entretanto mandatado por Jesus para definir o seu futuro, na apresentação da sua biografia. “É um treinador que, se quiser sair de Portugal para treinar um clube estrangeiro, pode fazê-lo perfeitamente, porque é um treinador importante, que conseguiu resultados importantes e está muito bem referenciado.” Por referenciado entenda-se Barcelona. Futre dá uma achega. “Vamos marcar este dia [4 de Fevereiro]: eu vejo o Jorge no Barcelona. Depende dos títulos que Luis Enrique conseguir – mas mesmo que ganhe o campeonato e não a Champions pode sair.”
É juntar os mestres: Mendes é capaz de tudo, Futre também (é o elo de ligação entre Florentino e Figo na virada sensacional Barça-Real Madrid noVerão de 2000). O Barcelona tem eleições marcadas para Junho e o candidato mais forte a ganhar é Joan Laporta, vencedor de uma recente sondagem (51%) pela rádio catalã El Club de la Mitjanit.Surpresa das surpresas (ou não), Laporta dá-se bem com Mendes. Almoçam juntos. E são apanhados em flagrante há um ano a definir um plano de ataque para as eleições.
Fala-se de Cristiano Ronaldo. Impossível, diz-lhe Mendes. E Jesus? Tudo em aberto. Depende do Barça, claro. Luis Enrique é líder (2-1 ao Real Madrid e quatro pontos de vantagem sobre o Real Madrid), está na final da Taça do Rei (vs. Athletic) e ainda nos quartos-de-final da Liga dos Campeões (vs. PSG).
PSG, ora aí está o plano B. Nasser al-Khelaifi (presidente do PSG) e Mendes andam de braço dado. Horas antes da final da Liga dos Campeões 2014, entre Real Madrid e Atlético Madrid, os dois são vistos a almoçar em Cascais, com outros protagonistas do futebol. “O futebol está-lhe no sangue e é por isso que é uma pessoa com tanto sucesso.” A frase é do qatari Nasser. Outra: “Já tive muitos encontros a nível pessoal e profissional e todos foram experiências positivas.” Mendes devolve o elogio. “No meio desta crise financeira há homens que salvam o futebol: Abramovich noChelsea, Mansour no City, Nasser noPSG, Rybolovlev no Monaco e Lim no Valencia.”
Lê-se na tal biografia de Mendes que os dois partilham uma forte amizade, sem ter em conta os negócios desportivos e financeiros. Até à data, nenhum dos jogadores de Mendes joga noPSG e o negócio mais perto de se concretizar é o de Di María. Líder do campeonato francês e presente nos quartos–de-final da Liga dos Campeões após afastar oChelsea em pleno Stamford Bridge, o PSG tem Laurent Blanc no banco. É um treinador tranquilo. Nasser quer mais acção. Et voilà, Jesus.