A especialidade de Medicina de Urgência foi chumbada pela Assembleia de Representantes da Ordem dos Médicos. A medida teve 51 votos contra e 21 votos a favor. O debate e votação acontece após cinquenta e seis antigos e atuais diretores de serviços de urgência terem dito na semana passada num manifesto que é indispensável a criação da especialidade face às “enormes insuficiências” da rede hospitalar.
“Numa altura em que é bem claro para a classe médica, bem como para os cidadãos, a existência de enormes insuficiências na entrega de cuidados de urgência na nossa rede hospitalar, torna-se indispensável dar este passo real na prossecução da melhoria desses cuidados”, refere o documento.
Já os diretores de serviços e de departamentos de urgência dizem no manifesto que são chamados a assumir a responsabilidade de coordenação, mas com “capacidade interventiva limitada por ausência de equipa própria, gerindo a atividade deste serviço na articulação de escalas e mediação de conflitos entre serviços e departamentos, o que se torna profundamente redutor”.
Diretor SNS quer valorizar profissão
No mesmo dia, o diretor executivo do SNS defendeu que os cerca de 150 mil profissionais que trabalham no Serviço Nacional de Saúde têm de ser valorizados, criando condições para poderem evoluir e conseguirem equilibrar a vida profissional com a vida familiar. Para Fernando Araújo, é preciso encontrar formas de “os cativar, criando condições de poderem evoluir, de se realizarem, de conseguirem equilibrar a vida profissional com a vida familiar, de terem, acima de tudo, paixão por trabalhar no SNS”.
E salientou: “O que se pretende realmente com a questão da direção executiva do SNS, que é certamente a maior revolução no SNS desde a sua criação, é tornar o SNS mais inclusivo, mais justo, mais próximo, com mais acesso, mais eficiente e que os utentes e os profissionais confiem. Este é o SNS em que eu acredito”.
Esta reação surge depois do primeiro-ministro, António Costa, defendeu ser necessário “melhorar a gestão do Serviço Nacional de Saúde”, realçando que a aprovação do Estatuto do SNS “é uma reforma fundamental” no setor da Saúde em Portugal. No entanto, defende que é necessário que o SNS seja “equitativo” no acesso. “Não podemos ter a lotaria de sermos bem atendidos e em prontidão se vivermos aqui, e não se vivermos ali”, disse, referindo, em forma de metáfora, que, se o SNS é “uma floresta”, é preciso “olhar para a floresta”, e “não há floresta sem árvores”, pelo que é preciso olhar para cada árvore de forma individual.
Recorde-se que a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) revelou que se registou um aumento do número de utentes em lista de espera para cirurgia transversal a todas as áreas analisadas, relativos a 2021 e ao primeiro semestre de 2022. Ao mesmo temo, foi também apontado para um aumento da taxa de incumprimento dos denominados Tempos Máximos de Resposta Garantidos (TMRG) para as cirurgias cardíacas e oncológicas.