Esta semana vimos em todo o seu esplendor o mais penoso retrato do nosso primeiro-ministro, um homem que se dedica às artes menores da política. Aquilo que na gíria, com repulsa, se designa de um aldrabão sem qualquer espécie de código ético que norteie a sua atuação.
Foi confrangedor, mas elucidativo. Havia um tempo em que as pessoas assumiam as suas responsabilidades. Quem tinha uma especial tarefa acometida, fosse o que fosse, desde ministro a diretor-geral, sabia que a incompetência, a mentira, a deslealdade se pagavam com os pedidos de demissão dos próprios.
Havia essa dignidade ou a imposição dela. Hoje parece que somos uns desmemoriados. A palavra de nada vale, ser apanhado a mentir não fere o pundonor, o escrutínio é irrelevante e o que interessa é se a patranha é susceptível de ser consumida pelo maior número de cidadãos possíveis.
Depois, outra polémica aterra, mais dia menos dia, e aquilo que seria uma mácula insanável no curriculum, não é mais do que um fugaz episódio que pintou uns jornais. É muito pobre, mas é assim a ação de quem nos governa e, por vezes, tenho receio que seja a de nós todos, enquanto comunidade.
Bom, tudo isto para dizer: quem está a ler-me, se pensionista, vai ter um corte nas pensões, embora lhe tenham apresentado a ideia como um ganho.
Só me resta uma dúvida: António Costa não deseja reformas, até guarda devida distância das mesmas, porque será que vamos para este corte? Será que o sistema é insustentável? Será que não é apenas este pacote que é uma mentira, mas sim todo o discurso que ouvimos nos últimos anos?
Veremos.
Militante do PSD