Não sei se os números a que assistimos nos dois últimos dias são de circo ou de teatro, mas que justificam uma gargalhada geral, lá isso justificam. O problema é que estamos a falar da saúde económica e política do país e, por isso, não devemos ter vontade de rir, mas sim de chorar. A ‘tourada’ entre Pedro Nuno Santos e António Costa terminou com ambos a saírem da arena política debaixo de uma assobiadela ensurdecedora.
Ambos voltaram ao seu habitat, mas feridos de morte. Um, o primeiro-ministro, porque não teve a coragem de dar a estocada final no ministro rebelde que, contra tudo e contra todos, se quis antecipar ao congresso do PSD, onde acreditava que seria o bobo do Governo que nada decide, e optou por anunciar medidas governamentais que já tinham sido discutidas no Governo, mas que o chefe queria dar a conhecer em primeiro lugar ao Presidente da República e depois ao líder da oposição que tomará posse este fim de semana. Costa fica como o primeiro-ministro sem coragem para destituir um ministro que cometeu um erro grave.
Tudo poderia não passar de uma encenação, pois ninguém no seu perfeito juízo acredita que Pedro Nuno Santos chegou à conclusão do Montijo e Alcochete, além de fechar a Portela. Isto é: Costa sabe que esse é o projeto do seu Governo, mas convém puxar os outros para a discussão, mesmo que a sua decisão já esteja tomada. Que se saiba, o Montijo só podia ter alternativa em Alverca, no que diz respeito à rapidez de execução, mas aí mais altos valores se levantaram, pois é preciso construir uma nova ponte…
O outro, o ministro das Infraestruturas, é um morto-vivo, à espera de ser corrido no próximo desencontro. Para piorar a vida de Pedro Nuno Santos, o Presidente da República deu a estocada final no ministro, que ficou sem condições para continuar no cargo. Mesmo que queira manter-se, Costa, depois da declaração de Marcelo, não vai ter mais condições para o segurar.
P. S. Quem diria que o grande ven cedor desta ‘tourada’ seria Luís Montenegro? Que mais pode desejar um líder da oposição que entra em ação em plena feira de aeroportos, onde estão todos à espera que diga de sua justiça?