TdC. Novo modelo integrado de financiamento de bombeiros

TdC. Novo modelo integrado de financiamento de bombeiros


Organismo  liderado  por José Tavares diz que distribuição dos 434 corpos de bombeiros ao longo do território “não atende a critérios de economia, eficiência e eficácia”.


“É necessário definir um modelo integrado e coerente de financiamento dos corpos de bombeiros, que seja capaz de garantir de qualidade e prontidão em todo o território e de promover uma utilização eficiente e transparente dos dinheiros público”. A garantia foi dada pelo Tribunal de Contas (TdC) e refere que, entre as situações detetadas, “a distribuição dos 434 corpos de bombeiros ao longo do território não atende a critérios de economia, eficiência e eficácia”. 

Segundo a entidade liderada por José Tavares, embora a maioria dos municípios (192) seja servida por apenas um corpo de bombeiros – nos restantes o seu número oscila entre 9 em Sintra e nenhum em Castro Marim) – defende que “as áreas de intervenção e a população servida por cada corpo de bombeiros apresentam ainda maiores disparidades (de menos de 10 Km2 até mais de 1000 Km2, de poucos milhares a mais de cem mil habitantes)”.

O TdC diz também que “não se encontram igualmente definidos níveis de desempenho padrão a cumprir pelos corpos de bombeiros em função do risco e das características do território, pelo que também não se encontra estimado o custo da estrutura necessária de meios humanos, técnicos e materiais”, e garante que “os corpos de bombeiros apresentam diferenças substanciais de meios e de níveis de serviço em função da sua natureza (sapadores, municipais, voluntários com ou sem equipas de intervenção permanente) e da capacidade e disponibilidade do município para suportar o financiamento (nos corpos municipais) ou parte dele (nos corpos de AHB – Associação Humanitária Bombeiros)”.

E lembra que, 22 dos 434 corpos de bombeiros estão constituídos enquanto estruturas profissionais,”apesar da tendência de criação de equipas de intervenção permanente, o sistema assenta numa lógica de voluntariado. “O Tribunal conclui ainda que a concessão de apoios municipais às AHB não tem por base uma análise integrada do conjunto de apoios públicos, podendo existir sobreposições, e não obriga ao cumprimento de níveis de qualidade do serviço ou à demonstração da sua utilização nos fins determinados”.

O relatório diz ainda que a eficácia dos corpos de bombeiros fica dependente das características das lideranças, do empenho dos operacionais, das estratégias adotadas pelos municípios e da dinâmica socioeconómica local, “refletindo, em grande medida, as disparidades existentes na capacidade financeira dos municípios e acentuando a divergência entre os territórios”

Face a este cenário, o TdC recomenda ao Governo que promova um quadro legal com vista a uma reestruturação do modelo organizativo dos corpos de bombeiros que permita maior coesão territorial. Mas refere que, para isso, “implica definir um modelo de serviços operacionais adequado à escala municipal assente na profissionalização e na formação dos recursos humanos, bem como a definição, de forma integrada, dos níveis de financiamento público e das responsabilidades pelo controlo da sua aplicação”. Ao mesmo tempo, deixa uma recomendação aos municípios, para que implementem uma fórmula de cálculo dos apoios às AHB transparente, relacionada com a quantidade e qualidade dos serviços a prestar, que tenha em consideração o impacto dos outros apoios públicos de que aquelas associações são beneficiárias e que adote uma perspetiva plurianual. “Os municípios devem ainda proceder ao acompanhamento e controlo dos financiamentos concedidos e dos níveis de serviço contratualizados, zelando pela melhor utilização dos recursos financeiros públicos e pelo aumento da qualidade dos serviços prestados pelos corpos de bombeiros”, conclui.