“Apesar da grande incerteza quanto à evolução e duração da situação de conflito na Ucrânia e aos impactos económicos duradouros dessa situação, é altamente provável que alguma desaceleração no crescimento potencial da economia portuguesa se venha a registar na segunda metade do ano”. A garantia é dada pelos economistas do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) na síntese de conjuntura económica divulgada esta terça-feira.
E acrescentam que apesar de a informação atual não permitir uma “revisão quantificada do crescimento da economia portuguesa”, é possível dizer que, “com base na dinâmica interna recente, que continua a ser provável que o PIB de Portugal venha a conseguir ultrapassar o nível de 2019 em 2022”.
Apesar de a guerra entre a Rússia e a Ucrânia não trazer um impacto para a economia portuguesa já no primeiro trimestre – em que é esperada uma aceleração em termos homólogos explicada sobretudo pelo “efeito base decorrente do confinamento de há um ano e à retoma mais generalizada da atividade interna” – essas consequências devem ser sentidas a partir do segundo trimestre.
Ainda segundo os economistas do ISEG, “apesar de as relações diretas da economia portuguesa com a economia russa ou ucraniana serem pouco significativas”, o impacto indireto vai sentir-se por via dos “impactos negativos sobre economias com as quais Portugal se relaciona mais (por exemplo, Alemanha)”, e “talvez mais importante por via de um aumento adicional e duradouro dos preços da energia que se estenderá rapidamente aos restantes setores da atividade económica o que irá prolongar e alavancar a situação de inflação atualmente vivida e que poderá vir a limitar o crescimento da procura interna real e da procura externa no futuro”.