Austrália criticada por falta de iniciativa contra crimes sexuais

Austrália criticada por falta de iniciativa contra crimes sexuais


Uma antiga assessora do governo de Camberra Brittany Higgins – cujas acusações de violação num gabinete ministerial do Parlamento provocaram protestos a nível nacional em 2021 – disse que “poucas coisas mudaram” depois de ter prestado o testemunho público sobre o assunto.


A resposta do governo australiano face às revelações sobre agressões sexuais no país "ficaram aquém do que era esperado" consideraram ativistas contra a violência sexual frisando que as declarações do primeiro-ministro foram "inapropriadas".

Uma antiga assessora do governo de Camberra Brittany Higgins – cujas acusações de violação num gabinete ministerial do Parlamento provocaram protestos a nível nacional em 2021 – disse que "poucas coisas mudaram" depois de ter prestado o testemunho público sobre o assunto. 

Higgins num discurso transmitido pela comunicação social australiana disse que as declarações do primeiro-ministro Scott Morrison, hoje no Parlamento, referindo-se às próprias filhas e à mulher, foram "chocantes" e "ofensivas".

"Eu não quero a simpatia dele como pai. Eu queria que ele usasse o poder que tem como primeiro-ministro", disse Brittany Higgins.

O debate nacional sobre a violência sexual na Austrália não registou progressos, referiu Higgins considerando que apenas existe "uma troca de palavras ofensivas e desadequadas e uma mistura complicada de 'ideias no ar'".

Da mesma forma, Grace Tame, vítima de agressões sexuais quando era criança e que foi distinguida como a "Australiana do Ano" em 2021, apoiou as posições manifestadas por Brittany Higgins.  

"Enquanto os nossos dirigentes não assumirem inteira responsabilidade sobre as suas próprias falhas esta cultura complacente para com os abusos vai continuar a prosperar no seio do Parlamento, estabelecendo uma norma para o resto do país", acusou Grace Tame.

Os testemunhos das duas mulheres têm provocado um amplo debate na sociedade australiana enquanto decorrem inquéritos e investigações sobre os casos que já foram tornados públicos. 

Um relatório de 450 páginas (Relatório Jenkins) revelou recentemente que uma em cada três pessoas que trabalham atualmente no Parlamento da Austrália ou em departamentos governamentais (a nível federal) foi vítima de assédio sexual no posto de trabalho. 

Hoje, o primeiro-ministro questionado no Parlamento sobre os progressos levados a cabo pelo governo sobre o assunto disse ainda que vai adotar, entre outras medidas, um plano para os próximos 10 anos.  

"Os objetivos do plano são tão nobres como vagos. É impossível estar contra estes objetivos mas, ao mesmo tempo, é difícil examinar o plano", concluiu Higgins.