Sudão. Forças de segurança lançam gás lacrimogéneo contra manifestantes

Sudão. Forças de segurança lançam gás lacrimogéneo contra manifestantes


Milhares de sudaneses estão hoje a manifestar-se por todo o país, dias depois da demissão do primeiro-ministro, contaram testemunhas à agência francesa.


As forças de segurança sudanesas lançaram hoje gás lacrimogéneo contra os manifestantes que se dirigem para o palácio presidencial em Cartum em protesto contra o poder militar, dizem testemunhas citadas pela agência France-Presse.

 

Milhares de sudaneses estão hoje a manifestar-se por todo o país, dias depois da demissão do primeiro-ministro, contaram testemunhas à agência francesa.

Apesar de uma forte presença policial em Cartum, os manifestantes dirigiam-se para o palácio presidencial, no centro da capital sudanesa, disseram as mesmas fontes.

As ruas em torno do palácio presidencial e do quartel-general do exército foram encerradas à circulação.

Os manifestantes tocam tambores, cantam cânticos patrióticos e agitam fotografias de pessoas que morreram nos confrontos desde o golpe de Estado, no final de outubro, segundo as testemunhas citadas pela agência francesa.

"Continuaremos a manifestar-nos até que tenhamos reposto a nossa revolução e o nosso governo civil", disse Mojataba Hussein, de 23 anos, em Cartum.

"Não vamos parar até que tenhamos reencontrado o nosso país", acrescentou Samar al-Tayeb, 22 anos.

O Sudão vive um impasse político desde o golpe militar de 25 de outubro, que ocorreu dois anos após uma revolta popular remover o autocrata Omar al-Bashir e o seu Governo islamita em abril de 2019.

Sob pressão internacional, os militares reinstalaram em novembro o primeiro-ministro deposto no golpe, Abdalla Hamdok, para liderar um Governo tecnocrata, mas o acordo não envolveu o movimento pró-democracia por detrás do derrube de al-Bashir.

Desde então, Hamdok não conseguiu formar Governo perante protestos incessantes, não só contra o golpe de Estado, mas também contra o seu acordo com os militares e acabou por se demitir no domingo.

A repressão das manifestações fez, desde o golpe e até agora, pelo menos 57 mortos e centenas de feridos, segundo o sindicato opositor Comité de Médicos do Sudão.