As populares praias de Orange County, no sul da Califórnia, foram inundadas por uma maré negra, num derrame que se estima ser de mais de 480 mil litros de crude, oriundos de um oleoduto da Amplify Energy, naquele que se teme ser o maior desastre ambiental na história deste estado. Há medida que os esforços de limpeza se vão desenrolando, tendo o Governador californiano, Gavin Newsom, declarado estado de emergência, esta terça-feira, peixes mortos e aves em apuros, cobertas de químicos pegajosos, começaram a dar à costa. É uma imagem trágica que é familiar a todos. Mas os seus impactos continuarão a ser sentidos ao longo de anos, alertam os especialistas.
“Algumas populações podem recuperar depressa. Outras populações demorarão anos e anos, avisou Bonisoli Alquati, professor de biologia na universidade Cal Poly Pomona, à rádio NPR. “Muitas vezes o foco da imprensa e do público já se desviou para outro lado, mas as consequências ainda estão a acontecer”, salientou Alquati, que se dedicou a estudar o derrame de petróleo da Deepwater Horizon, em 2010, na Costa do Golfo, cujos efeitos ainda hoje são notórios. Por agora, a dimensão do derrame na Califórnia parece ser muito inferior, mas apenas haverá uma certeza disso dentro de algumas semanas.
Ainda assim, a sensação de choque já é enorme. “O petróleo infiltrou todas as zonas de terras húmidas, com impactos significativos na vida selvagem”, lamentou Katrina Foley, a responsável pelo Orange County, citada pela CNN. “Estas são as terras húmidas em que temos estado a trabalhar com os engenheiro do exército, com uma fundação, com todos os parceiros da comunidade de proteção da natureza, para assegurar que criamos este habitat lindo e natural durante décadas. E agora, num só dia, está completamente destruído”.
Navios, compras e caos nos portos Ainda não é claro o que sucedeu para causar este derrame, mas uma hipótese posta em cima da mesa é que o oleoduto da Amplify Energy, uma empresa relativamente pequena dentro do setor energético, possa ter sido rasgado pela âncora de um porta contentores, avançou a Associated Press.
É que os navios que se dirigem aos portos gémeos de Los Angeles e Long Beach, dos mais movimentados do país, costumam passar pela área onde se deu este derrame de crude. Sendo que, ao longo dos últimas semanas – numa altura em que os Estados Unidos se preparam para o caos nível de entregas, com muitos norte-americanos já a fazerem as compras para a época festiva, e cada vez mais a encomendarem prendas vindas de fora do país online, muito graças à pandemia – estes portos estiveram sobrecarregados, com muitos porta contentores a ancorarem em alto mar à espera de poderem entrar no porto.
Seja como for, o Governador da Califórnia assegurou que se apurar responsabilidades. E que o seu estado “está a mobilizar todos os recursos disponíveis para proteger a saúde pública e o ambiente”, em comunicado. Acrescentando que o desastre é “uma lembrança do enorme custo que as energias fósseis têm nas nossas comunidades e no ambiente”. Contudo, Newsom, que ainda há pouco tempo teve de proteger o seu posto numas eleições intercalares, não deixou de ser alvo de criticas por ter permitido 138 permissões para exploração petrolífera durante o seu mandato.