O Sporting, campeão nacional, recor0a competir na Europa – 1949, Taça Latina; 1955-56, Taça dos Campeões Europeus, embora por convite pois não fora campeão na época anterior. Ninguém pode tirar aos leões este brilho e esta patine que o tempo conservará para todo o sempre. Estranhamente, as décadas foram-se somando e os resultados horrendos também, ao ponto de continuarmos a ter de falar da Taça das Taças de 1964 e da vitória por 5-0 sobre o Manchester United par ilustrar a fase mais fantástica da sua existência europeia. Ano após anos, mesmo com equipas de qualidade extraordinária, as derrotas humilhantes acumulam-se – o ano passado foi o 1-4 em Alvalade no playoff para a Liga Europa perante o Linz. Francamente! Por isso, a goleada sofrida, outra vez em Alvalade, frente ao Ajax (1-5) só pode surpreender aqueles que ignoram a realidade de um clube que nunca conseguiu ser, no futebol, grande fora de Portugal. É triste? Sem dúvidas! Imerecido para um emblema de tanto prestígio? Inequivocamente! Mas, um após outro, os desencantos sucedem-se avassaladoramente. E não basta exibir no peito o brasão de campeão de Portugal para que isso intimide os adversários que lhe surgem pela frente.
O passado europeu dos clubes tem mais influência do que se pensa na hora de entrar em campo. Basta ver a dificuldade que Manchester City e Paris Saint-Germain têm tido para chegar sequer às finais. E falamos, provavelmente, dos dois clubes mais ricos do mundo.
O FC Porto é, de certa forma, um dos campeões modernos – só a partir de meados dos anos-80 surgiu como equipa respeitada, tendo vivido nos anos-60 e 70 muito longe do topo europeu. A vitória na Taça dos Campeões de 1987 (antes só conseguira uma final, a da Taça das Taças de 1984, e nem sequer uma meia-final) carregou o dragão para um futuro na altura inimaginável. Hoje, dentro da pequenez do futebol nacional, são um clube de respeito e que se faz respeitar. Mais uma vez, nada de surpreendente no empate que foi arrancar a Madrid, perante o Atlético (0-0) e, sobretudo, nenhum espanto na forma como equilibrou a sua disputa contra o campeão de Espanha.
Mediocridade É indiscutível a forma como as representações portistas na Liga dos Campeões têm sido elogiadas nos últimos anos. Mas os críticos esquecem-se, por vezes, que após a ultrapassagem da fase de grupos, os portistas têm sido, no geral esmagados pelos adversários de maior categoria. Algo de absolutamente natural. É preciso encarar a derrota do Sporting face ao Ajax da mesma forma como se encarou o resultado doloroso do FC Porto em casa, recentemente, perante o Liverpool (0-5). Representa a mediocridade do futebol português, espelhada até numa seleção nacional que, após a sofridíssima conquista do Euro-2016, tem passado pelas fases finais de Europeus e Mundiais exibindo uma banalidade confrangedora e sendo atirada para fora das competições por opositores perfeitamente ao seu alcance, tal como Uruguai e Bélgica, por exemplo.
O Benfica, que chegou a ser a melhor equipa da Europa em mais de metade dos anos-60 – 2 vitórias e 3 finais perdidas da Taça dos Campeões, depois de ter sido o primeiro clube português a vencer um troféu internacional, a Taça Latina de 1950 – perdeu a aura europeia nos anos-70, recuperou-a numa fase dos anos-80 e 90, e vive numa espécie de drama incompreensível de não perceber que é possível ser grande em Portugal e razoável na Europa – as duas últimas finais portuguesas de taças europeias foram suas. Em Kiev, contra uma das mais fracas equipas desta Liga dos Campeões, teve tudo para ganhar e não perdeu por sorte. Jorge Jesus parece, definitivamente, não saber em que mundo vive quando entra na Liga dos Campeões. Comparar o Dínamo com o Bayern (e até com o Barcelona) funciona como graçola. Mas este não é o lugar indicado para piadas de mau gosto.