Liga espanhola. O drama, o horror, a tragédia, já aqui ao lado

Liga espanhola. O drama, o horror, a tragédia, já aqui ao lado


Depois das discussões internas no Barcelona, entre Laporta e Koeman, Javier Tebas também se envolveu em polémica, acusando o PSG de ‘fazer batota’, “ao contrário do Real Madrid”.


Javier Tebas, presidente da LaLiga, é um dos nomes mais mediáticos do futebol espanhol, e parece não conseguir manter-se fora da polémica durante muito tempo. Depois das farpas atiradas à Superliga e ao Paris Saint-Germain na semana passada, Tebas voltou ao ataque contra os franceses. Num evento público para anunciar um acordo estratégico com a marca Burger King, o presidente da liga espanhola abordou o estado atual do futebol no país, negando que esteja “arruinado”, e disparando em todas as direções. “Disse que o futebol espanhol não está arruinado. Nem o Real Madrid, nem o Barcelona. Há pelo menos 80 por cento de clubes na Europa que estão muito pior. Em relação ao Real Madrid, penso que foi o clube que melhor geriu a pandemia, com um rigor enorme nos seus gastos salariais”, referiu Tebas, citado pelo jornal MARCA.

Fazendo a comparação com outras ligas europeias, Tebas reforçou o comentário feito na passada segunda-feira sobre o Real Madrid, afirmando que o clube tem “dinheiro em caixa para comprar Mbappé e Haaland juntos”. Para Tebas, os merengues têm a capacidade financeira suficiente para explorar novos mercados, colocando-os, no entanto, e com alguma ironia à mistura, longe do alcance do Paris Saint-Germain (PSG), o clube que recentemente contratou figuras estelares do futebol espanhol como Lionel Messi e Sergio Ramos. “O Real Madrid tem a capacidade de fazer o que quiser. Nunca poderá ser como o PSG porque o PSG faz batota. Eles têm despesas salariais de 600 milhões de euros, o que é impossível. Também não são um clube-estado, por isso não podem ser como eles”, atacou Tebas, num comentário que recuperou uma crítica já feita ao PSG anteriormente, quando disse que aquilo que o clube parisiense estava a fazer era “tão perigoso” como o próprio projeto da Superliga Europeia, e que o PSG “parecia a liga das lendas” devido à idade dos jogadores contratados.

Tebas é sinónimo de polémica, e os últimos tempos têm visto o nome do presidente da LaLiga em variadas manchetes jornalísticas. Recorde-se, por exemplo, que, na semana passada, uma acesa troca de comunicados entre a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e a LaLiga incluiu, por parte da RFEF, uma definição de Tebas como alguém com “atitude altiva, arrogante e totalmente ignorante em relação às instituições desportivas”. “Entendemos que não devemos permitir que o seu charlatanismo [de Tebas] acabe sendo a verdade dos factos quando são justamente uma mentira após a outra”, referiu a RFEF no mesmo comunicado.

Koeman vs Laporta A polémica na liga espanhola, no entanto, não acaba no seu presidente e no Real Madrid.

O Barcelona tem sido também, nos últimos dias, palco de intensas acusações e disputas nos seus órgãos internos, mas também por parte do próprio Tebas. O presidente da LaLiga, em entrevista ao jornal Sport, acusou Florentino Pérez – presidente do Real Madrid – de ter “sequestrado” o Barcelona, acusando um “complexo de inferioridade” blaugrana para com Florentino Pérez.

No ringue interno do Barcelona, no entanto, estiveram frente-a-frente Ronald Koeman, o técnico holandês do clube, e Joan Laporta, o presidente do emblema. Acontece que Koeman, em entrevista ao canal holandês NOS, confessou não ter gostado das declarações de Laporta à comunicação social sobre os poderes do treinador no clube. “Na semana passada, aconteceu algo na imprensa que eu acho que não deve acontecer. Laporta falou um pouco demais, sugeriu que o treinador não tem poder total”, disse o técnico, antes de referir, ainda assim, gostar “quando um presidente está comprometido e também faz perguntas”. Perguntas, no entanto, que ”não deveriam ser feitas na imprensa”, mas sim “em privado”, atacou Koeman, antes de acusar Laporta de não ter sido “sábio em duas ocasiões”. Recorde-se que em junho deste ano, Laporta garantiu que Koeman iria manter-se aos comandos da equipa, pelo menos até ao fim do seu contrato.

Na noite de terça-feira, o clube blaugrana recebeu, para a Liga dos Campeões, o Bayern de Munique, e os catalães acabaram derrotados por 3-0, o que não aliviou o clima de tensão dentro do Camp Nou. Antes do início do jogo da liga milionária, Laporta tinha já tentado esfriar o clima, ao garantir que tem uma “relação normal entre treinador e presidente” com Koeman. “Dou-me muito bem com ele, gosto dele e tenho toda a confiança nele. A relação é boa, não há que procurar nada mais. Temos confiança no treinador, que tem o nosso apoio. Estamos no mesmo barco, com os mesmos objetivos, partilhamos um modelo que estamos a construir e não há divergência além daquilo que cada um pode opinar num ou noutro momento”, afirmou o presidente blaugrana, como quem tentava apagar um fogo mediático. Após o apito final em Camp Nou, no entanto, todos os olhos se viraram para Laporta e Koeman, à espera de uma tormenta perfeita.

Os ânimos mantiveram-se, no entanto, calmos, e, apesar da informação avançada pela imprensa desportiva espanhola, que deu conta de uma reunião entre Laporta, o vice-presidente, Rafael Yuste, e o diretor do futebol, Mateu Alemany, após o fim do jogo, o lugar do treinador holandês na equipa não estará em causa, segundo o jornal MARCA garantiu saber.

A imprensa espanhola, no entanto, não teve a mesma perceção, e choveram críticas, tanto a Laporta como a Koeman. Manuel Carreño, da cadena SER, garantiu que “além da qualidade do futebol, o que aconteceu nas últimas semanas também foi semeado”. “Um recado aqui, um vazamento para jornalistas ali, um tweet… Tudo isso, Sr. Laporta, não ajuda o Barcelona”, atacou o mesmo, antes de acusar o presidente do clube blaugrana de manter Koeman no seu lugar por não ter capacidade financeira para contratar um novo técnico.

laporta pede ‘paciência’ Após o desastroso resultado em Camp Nou frente ao Bayern de Munique, o presidente do Barcelona fez questão de publicar um vídeo a pedir “paciência” aos adeptos blaugrana. “Estou tão magoado e indignado como todos vós, o que posso dizer-vos é que este é um cenário que contemplávamos. Peço-vos paciência. Paciência e que continuem a apoiar a equipa. E peço também confiança naqueles que dirigem o clube. Precisamos dessa margem de confiança e não tenham dúvidas: vamos encontrar uma solução”, defendeu Laporta num vídeo publicado na sua conta pessoal da rede social Twitter.