Em Mogadouro, bem no interior de Trás-os-Montes, e muito perto da fronteira com Espanha, uma pequena freguesia prepara-se para as eleições autárquicas de 2021. Trata-se de Travanca, com os seus 120 habitantes – uma redução de 30,2% em relação à população registada em 2011, quando a freguesia contava 172 habitantes.
Em 2017, o PS conquistou esta freguesia – e o próprio concelho de Mogadouro – dando a presidência da junta a Américo Rodrigues, com 55,22% dos votos. Uma repetição do feito em 2013, quando o PS alcançou 51,35% dos votos para a assembleia de freguesia nesta localidade, tirando a presidência da junta ao PSD, que, nas eleições de 2009, tinha conquistado as eleições autárquicas neste concelho transmontano, e nesta freguesia.
Agora, Américo Rodrigues é novamente o nome escolhido pela candidatura socialista deste concelho para Travanca, a freguesia que o mesmo dirige desde 2013.
Já do lado dos social-democratas, que perderam o controlo deste concelho em 2013 por apenas 11 votos de diferença, António Pimentel é novamente candidato à autarquia transmontana.
A pouco mais de duas semanas das eleições autárquicas, e com menos 30,2% da população, um dos detalhes curiosos nestas localidades é que a abstenção tende a ser muito menor do que nos grandes centros urbanos. Em 2017, por exemplo, dos 196 votantes inscritos na freguesia de Travanca, 134 exerceram o seu voto, o que equivale a uma participação de 68,37%, muito semelhante aos 71,73% de votantes que realizaram o seu dever cívico no ano de 2013.
População e mobilidade Travanca, tal como tantas outras freguesias transmontanas, sofre um grave problema de êxodo rural, perdendo sucessivamente grandes percentagens da sua população. A falta de serviços e oportunidades é notória, num local longe dos grandes centros urbanos, servido apenas por um troço do IC5, que não sabe se se há de virar para o Porto ou para Madrid à procura de uma vida melhor. Afinal de contas, é só mais uma hora de viagem até à capital espanhola, comparativamente com o Porto.
Esta é uma freguesia onde o Mirandês, tal como em tantas outras do distrito de Bragança, está vivo, e é utilizado até nas redes sociais, onde os políticos desta região fazem questão de comunicar nesta língua, que não precisa de tradutor para se compreender. O butelo com vagens secas e a posta à mirandesa são os pratos típicos, e as tradições estão vivas, como o chamado ‘Enterro do Entrudo’, onde, no dia de Carnaval, ao início da noite, a população faz uma romaria com um padre, que passeia pela aldeia proferindo as litanias.