O Padrão dos Descobrimentos, obra arquitetónica da época do Estado Novo e marco monumental dos Descobrimentos localizado em Lisboa, foi vandalizado na madrugada de sábado para domingo. Nele foi escrita a seguinte mensagem anticapitalista: “Blindly sailing for monney, humanity is drowning in a scarllet sea”, que numa tradução livre traduzir-se-á para: “Velejando cegamente por dinheiro, a Humanidade afunda-se num mar escarlate”. Considerando que escarlate é a cor associada ao sangue e que essa parte da mensagem foi escrita na mesma cor, a interpretação da mensagem é simples: a ganância do Homem está a fazer com que este se afunde num mar de sangue.
Apesar de até ao fecho desta edição a PSP ainda não ter revelado o autor do vandalismo, pensa-se que este terá sido cometido por uma jovem francesa, estudante na L’Ecole d’Art, de seu nome Leila Lakel. Esta terá partilhado uma vídeo da mensagem grafitada (ainda durante a madrugada) adornado com a descrição: “it’s a wrap. Bye lisboa”, que numa tradução livre traduz-se para: “Está feito. Adeus lisboa”. Acrescentando a isso, a publicação é feita numa conta cujo nome é “____l.i.a____”, ou seja, o mesmo que assina a mensagem. Pela descrição da mensagem que acompanha a sua publicação, pensa-se que Leila já não esteja em Portugal.
Ao que o i apurou, ontem, às 19h, o grafiti – que tinha cerca de 20 metros na horizontal – já estava praticamente removido. Fonte da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), empresa municipal de Lisboa, revelou ter sido contratada uma empresa de restauro especializada para remover o grafiti – chamada Cruzeta – que só deveria começar a sua atividade após perícias da Polícia Judiciária. “A PJ está a fazer perícias no local. Estamos prontos a avançar – assim que a PJ concluir a investigação – com essa operação de limpeza em segurança”, disse, na altura, a mesma fonte à Lusa. O grafiti deveria ter começado a ser removido na manhã de ontem; contudo, tal não aconteceu por esta razões, tendo apenas começado às 14h30 de ontem, apurou o i.
Veja o vídeo da limpeza
Videovigilância dos monumentos
Um dos maiores críticos ao ato de vandalismo foi José Ribeiro e Castro, antigo dirigente do CDS-PP e atual presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP). Numa nota publicada no Facebook da SHIP, Ribeiro e Castro considera que esta vandalização “tem de representar um ponto de viragem para as autoridades portuguesas, na proteção dos monumentos no espaço público”. Defende ainda que os “responsáveis por estes actos altamente condenáveis” sejam “levados a tribunal para responderem pelo crime cometido e suportarem pessoalmente, por responsabilidade civil, os custos de reabilitação do monumento danificado”. O histórico centrista, considerando “inaceitável que, num clima de descuido geral, os delinquentes escapem a coberto da noite e da falta de vigilância” apelou ao Governo a operacionalização urgente de “um plano de videovigilância do património histórico e monumental português, com prioridade nos monumentos nacionais.” Por fim, faz referências às autárquicas e à maneira como estas deverão ajudar nesse sentido: “É desejável também que as autarquias locais se associem a esta política de proteção e salvaguarda dos nossos monumentos. A campanha para as próximas eleições autárquicas bem poderia ser aproveitada para o debate de novas ideias e medidas para defesa dos monumentos”. “O património monumental é para ser protegido. O vandalismo tem de ser eficazmente prevenido e firmemente combatido” – concluiu.
O i contactou André Ventura e Francisco Rodrigues dos Santos para saber o que pensam sobre o ato de vandalismo. Tentou, também, contactar Joacine Katar Moreira e um membro do Bloco de Esquerda, que optaram por não responder.