Jeanne Lamon. A violinista e diretora da orquestra Tafelmusik, morreu no domingo, aos 71 anos

Jeanne Lamon. A violinista e diretora da orquestra Tafelmusik, morreu no domingo, aos 71 anos


A violinista e maestrina foi pioneira da investigação histórica e da interpretação informada e atuou diversas vezes em Portugal.


A orquestra Tafelmusik que era dirigida desde 1981, por Lamon, anunciou em comunicado na noite de segunda-feira, no Canadá, a morte da violinista que foi vencida por “um cancro fulminante” de que teve conhecimento nos últimos meses.

 

Os estudos e o percurso profissional

Jeanne Lamon, nasceu em 1949, em Nova Iorque, começou a estudar violino aos sete anos e foi uma das primeiras grandes intérpretes a dedicar-se ao “resgate de repertórios pré-românticos”, no continente americano, e uma das primeiras “maestrinas a assumir a titularidade de uma orquestra”. Estudou nos anos 60 e 70, na sua cidade natal, acompanhada pelo violinista Robert Koff do Quarteto Julliard; em Boston e em Amesterdão, onde trabalhou com o violinista Herman Krebbers, antigo concertino da Real Orquestra do Concertgebouw; e assumiu a direção da recém-formada orquestra Tafelmusik, em Toronto, uma década depois, à qual se dedicou até 2014, ano em que passou a diretora emérita. Foi também professora da Universidade de Toronto e do Real Conservatório de Música da capital canadiana.

Graças ao seu contributo, Tafelmusik, foi a primeira orquestra de época da América do Norte, a dedicar-se à “interpretação historicamente informada”, de música Antiga, do Barroco e do Classicismo, à sua investigação e divulgação, expandindo assim a sua atividade ao ensino e à colaboração com outras instituições. Lamon dirigia sempre a orquestra, segundo a tradição barroca, a partir da sua posição de concertino, ‘violino líder’.

Dedicava-se também à investigação do repertório do primeiro Romantismo, tendo gravado, entre outras obras, os cinco concertos para piano e orquestra de Beethoven, com Jos van Immerseel como solista.

 

Prémios

Em 1974, foi galardoada com o Prémio Erwin Bodky, pela “excelência na interpretação da Música Antiga”, quando dirigia o Departamento de Música Antiga do Smith College de Massachusetts. E este foi o primeiro de dezenas de prémios que marcaram a sua carreira, tais como: o Prémio Muriel Sherrin, do Conselho das Artes de Toronto, em 1996, concedido pela Toronto Arts Council Foundation a artistas e criadores que se destacaram em iniciativas internacionais nas áreas de música ou dança; no ano seguinte, o Alliance Française de Toronto concedeu-lhe a sua recém-criada Prix Alliance, pelas suas contribuições para o intercâmbio cultural e os laços artísticos entre o Canadá e a França; ainda no mesmo ano o Prémio Joan Chalmers de Criatividade e Excelência nas Artes pela sua direção artística da orquestra Tafelmusik e ainda o Prémio Molson, do Conselho das Artes do Canadá, país que lhe concedeu a cidadania, em 1988.