Lítio. Matos Fernandes contraditório sobre situação da Lusorecursos

Lítio. Matos Fernandes contraditório sobre situação da Lusorecursos


Ministro do Ambiente anunciou anulação da licença da empresa que quer explorar lítio em Montalegre, mas horas depois daria o dito por não dito. “É dificilmente compreensível”, diz ex-secretário de Estado Jorge Costa Oliveira.


Em menos de 12 horas, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, assumiu posições distintas (ou talvez mesmo contraditórias) em declarações à comunicação social sobre o polémico contrato assinado, em 2019, com a empresa Lusorecursos para o desenvolvimento de um projeto de mineração de lítio em Montalegre, no distrito de Vila Real – que se encontra em fase de avaliação de impacte ambiental a ser avaliada por um comité técnico sob a esfera da Agência portuguesa do Ambiente (APA). 

Em entrevista ao jornal Político, Matos Fernandes foi taxativo ao anunciar o cancelamento do contrato com a Lusorecursos, dizendo que, neste momento, é “muito improvável a possibilidade de termos uma mina de lítio em Montalegre”. O governante defendeu que a licença para a concessão de mineração deve ser “rejeitada devido à falta de profissionalismo” demonstrada pela Lusorecursos, depois de a empresa ter submetido à APA um estudo de impacte ambiental “claramente insuficiente”. E deu mesmo aquilo que parecia ser a estocada final na parceria: não demorará até que “essa licença seja completamente cancelada”, garantiu.

Porém, horas depois, em declarações sobre o caso à RTP3, o ministro do Ambiente deu um passo atrás, recolocando a Lusorecursos no jogo… para surpresa de quem leu e ouviu. Aos microfones da TV, Matos Fernandes afirmou que “se a Lusorecursos não for mais profissional do que tem sido, é inevitável que essa licença venha a ser revogada”. “A Lusorecursos já apresentou por duas vezes o seu estudo de impacte ambiental junto da APA: a primeira vez, foi liminarmente rejeitado; a segunda, foi considerado disconforme. O próximo estudo de impacte ambiental tem mesmo de vir muito melhor e estar em condições de avaliar quais são os impactos ambientais gerados por uma atividade como esta”, disse.

Com estas declarações, Matos Fernandes precipita-se duplamente: por um lado, o prazo para a Lusorecursos submeter novo estudo à APA só termina em agosto; por outro, a decisão sobre a validade (ou não) do estudo apresentado pela empresa caberá sempre à comissão técnica. Mas questionado se não estaria a substituir-se à APA respondeu que “não”, pois “aquilo que APA lhe diz, e o tornou público por decisões administrativas, é que ainda não existe um estudo de impacto ambiental capaz”. 

“Custa a acreditar” Ao i, Jorge Costa Oliveira, ex-secretário de Estado no primeiro Governo de António Costa e antigo consultor da Lusorecursos, disse que “custa a acreditar” que Matos Fernandes “tenha feito estas declarações que lhe são imputadas no Político”, mas sempre adiantou que, a serem verdade, “esta postura do ministro é dificilmente compreensível”, pois “a Lusorecursos é a única empresa que tem parcerias com entidades com manifesta capacidade tecnológica” na aventura do lítio português.
 
“Há um contrato de concessão assinado, do qual decorrem obrigações para ambas as partes – incluindo deveres de lealdade e de boa fé no relacionamento entre concedente e concessionária – e esse contrato só pode ser cessado com base na lei”, afirmou ao nosso jornal.

Estranhando não ser a APA a pronunciar-se sobre este tema, Jorge Costa Oliveira não deixou, porém, de estranhar que estas declarações a uma publicação estrangeira tenham sido “coincidentes com o levantamento de capital para reforço da equity que a Lusorecursos está a efetuar junto de empresas estrangeiras”.

erados por uma atividade como esta”, disse.

Com estas declarações, Matos Fernandes precipita-se duplamente: por um lado, o prazo para a Lusorecursos submeter novo estudo à APA só termina em agosto; por outro, a decisão sobre a validade (ou não) do estudo apresentado pela empresa caberá sempre à comissão técnica. Mas questionado se não estaria a substituir-se à APA respondeu que “não”, pois “aquilo que APA lhe diz, e o tornou público por decisões administrativas, é que ainda não existe um estudo de impacto ambiental capaz”. 

“Custa a acreditar” Ao Nascer do SOL, Jorge Costa Oliveira, ex-secretário de Estado no primeiro Governo de António Costa e antigo consultor da Lusorecursos, disse que “custa a acreditar” que Matos Fernandes “tenha feito estas declarações que lhe são imputadas no Político”, mas sempre adiantou que, a serem verdade, “esta postura do ministro é dificilmente compreensível”, pois “a Lusorecursos é a única empresa que tem parcerias com entidades com manifesta capacidade tecnológica” na aventura do lítio português.
 
“Há um contrato de concessão assinado, do qual decorrem obrigações para ambas as partes – incluindo deveres de lealdade e de boa fé no relacionamento entre concedente e concessionária – e esse contrato só pode ser cessado com base na lei”, afirmou ao nosso jornal.

Estranhando não ser a APA a pronunciar-se sobre este tema, Jorge Costa Oliveira não deixou, porém, de estranhar que estas declarações a uma publicação estrangeira tenham sido “coincidentes com o levantamento de capital para reforço da equity que a Lusorecursos está a efetuar junto de empresas estrangeiras”.