O líder da Liga, Matteo Salvini, anunciou, inesperadamente, que iria apoiar o governo que Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, está a tentar formar.
Salvini foi um grande crítico de Draghi no passado, acusando-o, em fevereiro de 2017, de ter sido “cúmplice” naquilo que considerou ter sido o “massacre” económico da Itália, e chegou a defender que a Itália devia abandonar a moeda única europeia. Este apoio demonstra pois um afastamento das políticas de extrema-direita para um campo de centro-direita com uma visão mais europeísta.
A Itália está em crise política depois da demissão do ex-primeiro-ministro, Giuseppe Conte, que se afastou do cargo após o partido de Matteo Renzi, Italia Viva, ter abandonado o acordo de coligação que tinha com o Governo, juntamente com o Movimento 5 Estrelas.
O Presidente italiano, Sergio Mattarella, ofereceu a Draghi a oportunidade de formar um executivo motivando-o a procurar apoio de todos os partidos.
O apoio da Liga, além de a posicionar de modo a contribuir para combater a pandemia provocada pelo coronavírus e a crise económica que assombra o país, é também uma oportunidade para o partido “limpar o seu nome”, afastar-se do rótulo de extrema-direita, que afastou investidores do partido, aumentando assim as hipóteses de Salvini, um dia, ser nomeado primeiro-ministro. “Queremos ser uma espécie de Partido Republicano nos Estados Unidos. Um partido inclusivo que reconcilia todas as posições da centro-direita italiana, sem deixar nenhuma de fora”, o membro do parlamento da Liga, Giulio Centemero, à Reuters.
No entanto, esta demonstração de apoio por parte de Salvini não caiu bem junto de alguns membros da Liga e aos seus aliados da extrema-direita, uma vez que Draghi, assim que estiver em funções, deverá começar imediatamente a trabalhar no plano de recuperação económica, na esperança de utilizar todos os fundos oferecidos pela União Europeia.
“É uma piada, mas tão má que nem os alemães não conseguirão rir”, disse Joerg Meuthen, um dos porta-voz do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), mencionando que serão os alemães a assumir grande parte das despesas italianas.