Este não é o artigo que tinha pensado escrever na presente semana mas, atendendo a que neste país já para nada parece haver limites, tornou-se imperioso escrevê-lo. E começo por fazer duas declarações de intenção.
A primeira para referir que, desempenhando o papel de assessor jurídico do gabinete parlamentar do partido Chega na Assembleia da República, sei que por muitos serei lido como tendencioso. Mas mesmo para os que o entendam, é já tão clara a perseguição feita a este partido que ninguém poderá negar a verdade desta minha prosa.
A segunda, para deixar bem claro que considero o jornalismo uma atividade nobre, bem como nobres são todos aqueles que ética e isentamente sejam a sua voz ou imagem. Porém, ainda assim, é chegada a hora de pública e enfaticamente condenar a miserável reportagem que a SIC apresentou, supostamente sobre o Chega, intitulada “A grande ilusão”. Como devem ter reparado, escrevi na frase anterior o termo “supostamente”. Fi-lo de propósito. Propositadamente porque esta reportagem anunciou grandes e escabrosas revelações sobre um partido político mas, depois, tudo o que nela se viu foi uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma. Conflitos pessoais, tricas partidárias, juízos sobre hipotéticos jogos de bastidores, considerações sobre o suposto taticismo político de André Ventura na gestão do partido, investigações ao passado deste ou daquele militante, investigações aos círculos de contacto do militante a ou b ou do financiador x ou y, etc. Tudo isto como se André Ventura tivesse de ser conhecedor de todas estas rubricas pessoais ou pudesse alguma vez ser responsabilizado por algo que alguém tivesse feito no seu presente, passado ou venha a fazer no futuro. Absurdo. É a isto que se resume esta grande reportagem. Nada!
Mas mais gravoso que o conteúdo, porque o mesmo é nulo, é o timing em que a mesma é lançada, ou seja, em plena campanha presidencial, circunstância nunca vista em democracia mas que, sendo contra o Chega, em nada incomoda aqueles que, por sua vez, acusam o Chega de querer destruir a democracia. Curioso, não? O objetivo é, a meu ver, claro: prejudicar André Ventura e o partido político Chega criando fantasmas na cabeça das pessoas e constrangendo assim o seu voto em Ventura. Mas sabem que mais? O efeito será o contrário. A mim não me choca que haja quem não goste de André Ventura, quem não goste do Chega, quem não goste das políticas do Chega, quem não goste dos dirigentes do Chega, quem não goste de mim próprio, por aí fora. Nada disso me choca. É normalíssimo. É para o lado que o Chega, André Ventura e eu próprio dormimos melhor.
Agora, o que já vai sendo chocante, parafraseando Avelino Ferreira Torres, são as “filhas-da-putice” que se tornam cada vez mais normais neste país. Quanto à SIC, estação televisiva onde esta alarvidade está a ser difundida, quero publicamente reiterar que tenho por ela o maior respeito. Por ela, pela sua história, pelo contributo que por mais de duas décadas deu ao audiovisual português e pelos muitos profissionais de excelência que integram os seus quadros. Mas caramba! Perderam a cabeça.
Para mais, um canal televisivo que conta nos seus altos cargos com os serviços de Ricardo Costa, apenas e tão-só irmão do primeiro-ministro de Portugal, António Costa, que por sua vez tem no Chega e em André Ventura o seu maior pesadelo político. Eu diria que é capaz de ser demasiadas coincidências, ou não? Talvez sejam. Eu diria que talvez sejam. Termino com uma certeza e um desejo: a certeza, para garantir a todos que o Chega não tem qualquer cave. O desejo, para referir esperar que a SIC não seja e/ou nunca venha a ser um esgoto. Portugal merece melhor!