Corria o ano de 1994 e Sérgio Sousa Pinto, recém-chegado à Juventude Socialista (JS), já alvoraçava as camadas jovens socialistas. Não era por acaso que trazia fama de enfant terrible. Mesmo antes de entrar na JS, Sousa Pinto tinha liderado o movimento da Associação de Estudantes do Liceu Gil Vicente contra a prova geral de acesso (PGA) – a mesma PGA que Pedro Passos Coelho, presidente da Juventude Social Democrata na altura, também combateu, tendo até proposto uma terceira chamada da prova para quem quisesse candidatar-se ao ensino superior.
Passos Coelho foi, aliás, o único líder de uma juventude política a chegar a primeiro-ministro e ficará como um dos “históricos” líderes destas estruturas partidárias, tendo estado à frente da Juventude Social Democrata entre 1990 e 1995. Quando entrou, a JSD era a juventude partidária do país com mais militantes: 45 mil membros. Cavaco Silva atingira a primeira maioria absoluta em democracia em 1988 e tudo apontava para que voltasse a ser eleito primeiro-ministro em 1991. Passos Coelho, entretanto, trazia para o debate temas como a reformulação da PGA, as propinas académicas e as manifestações estudantis, que puseram o partido e a sua vertente juvenil num debate aceso que marcaria o último ano do mandato de Pedro Passos Coelho na JSD.
Do outro lado da barricada, também Sousa Pinto agitava as hostes. Trouxe à mesa de debate na Juventude Socialista e, consequentemente, no Partido Socialista e no país, matérias controversas como a questão do aborto, do casamento homossexual e da legalização do uso de drogas. Foram as chamadas “causas fraturantes”, que puseram a Juventude Socialista num tête-à-tête com o líder do partido, António Guterres. O então líder da Juventude Socialista ainda conseguiu ver aprovada em Assembleia da República, em 1998, a lei, de sua autoria, que descriminalizava a interrupção voluntária da gravidez.
De facto, o papel das juventudes partidárias tem passado muitas vezes pela introdução no debate público de temas mais “radicais”, como define António Costa Pinto ao i. O politólogo aponta que as juventudes partidárias têm “normalmente visões mais ‘radicais’ dos programas políticos dos partidos em que estão inseridos”.
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