Nas praias do Norte, a quantidade de lixo presente nos areais pode ser quatro vezes superior à de sargaço. Foi esta a conclusão a que os investigadores Laura Guerrero-Meseguer, Marcos Rubal e Puri Veiga, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR), chegaram após terem estudado as praias de Moledo, Vila Praia de Âncora, Cabedelo, São Pedro de Paramos e Barrinha de Esmoriz.
Porquê estas praias?
De acordo com Marcos Rubal, a escolha não foi aleatória. Pelo contrário, obedeceu às normas impostas pela convenção OSPAR (The Convention for the Protection of the Marine Environment of the North-East Atlantic), que define critérios como “o estudo do lixo marinho em praias que não usufruem da recolha de lixo, que não estejam inseridas em núcleos urbanos nem que tenham edifícios em seu redor”. Rubal, doutor em Biologia pela Universidade de Santiago de Compostela e a realizar o pós-doutoramento no CIIMAR, explicou igualmente que a poluição dos locais visitados o levou, juntamente com a sua equipa, a entreligar a mesma e o sargaço, tendo esta investigação resultado na publicação do artigo “Spatio-Temporal Variability of Anthropogenic and Natural Wrack Accumulations along the Driftline: Marine Litter Overcomes Wrack in the Northern Sandy Beaches of Portugal”, presente na revista internacional Journal Of Marine Science and Engineering.
A investigação
O arranque do trabalho deu-se há três anos, no âmbito de visitas às praias anteriormente referidas. Posteriormente, no inverno de 2019 e no verão deste ano, a equipa deslocou-se mensalmente às mesmas “para perceber a variabilidade temporal do sargaço e do lixo”. Esta correlação entre as duas variáveis foi escolhida porque, nos primórdios, o projeto destinava-se ao conhecimento da deposição do sargaço nas praias, com o objetivo de entender a sua importância ecológica “e como este recurso, resultado da deposição natural de algas e ervas marinhas nas praias, podia ser valorizado”. “No entanto, quando estávamos a estudá-lo, ficámos surpreendidos com a quantidade de lixo que encontrámos”, esclareceu Rubal.
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