José Gouveia “Vamos fazer greve de fome à porta do Parlamento até termos respostas do Governo” [atualizada]

José Gouveia “Vamos fazer greve de fome à porta do Parlamento até termos respostas do Governo” [atualizada]


O empresário da noite diz que a manifestação de hoje marca “o fim do silêncio” do setor. E promete radicalizar a luta.


É uma das figuras da noite, e esteve à frente de casas como o Plateau, Docks, Indochina, Kings and Queens, entre outras. Braço-direito de Pedro Luz durante muitos anos, Zé Gouveia ganhou o seu espaço e acabou por ser o rosto da animação noturna do grupo de Paula Amorim. Mas a crise acabou por suspender o seu contrato, sendo hoje um dos organizadores do movimento de defesa dos empresários da restauração e da vida noturna.

Tem sido um dos rostos do movimento “A Pão e Água” que hoje realiza uma manifestação contra as medidas do Governo para os setores da restauração, bares e discotecas, desta vez em frente à Assembleia da República. Como surgiu o desafio de liderar este movimento?

Não sou o líder, mas apenas um dos porta-vozes. E o Ljubomir Stanisic também tem assumido esse papel. Mas avancei pelo facto de as pessoas não se quererem expor. Sempre fui uma pessoa de causas, sem nunca me preocupar muito com as consequências. Fui desafiado por um grupo de empresários do Norte para estar à frente da Associação de Discotecas Nacional (ADN), quando tudo isto começou. E depois surgiu este movimento, para tentar que os empresários ligados a estes setores se fizessem ouvir. Eu até já na escola era o delegado de turma, por isso aceitei o desafio, Sinto-me à vontade a lutar por causas, quando acredito que elas fazem sentido.

Falou do chef Ljubomir Stanisic. A presença de uma pessoa tão conhecida da TV, com negócios de sucesso, não poderá concentrar o discurso numa única figura mediática? Não poderá até retirar o foco das preocupações que atravessam a grande maioria anónima – os milhares de empresários da restauração que estão perto da falência?

Pelo contrário. O Ljubomir é um dos poucos que teve – e como ele próprio o disse na altura –, os “tomates” para dar a cara por aqueles que, neste momento, estão em situação de desespero. A verdade é que a maior parte das falências são “envergonhadas”, as pessoas não têm coragem de dar a cara. O Ljubomir Satanisic é o primeiro grande chef a reconhecer que, nestas condições, a empresa dele não conseguirá sobreviver por muito mais tempo.

Já houve manifestações no Porto, Lisboa e Algarve. O que se pretende agora com este novo protesto diante do Parlamento?

Queremos, de uma vez por todas, o fim do silêncio dos setores da restauração, dos bares e das discotecas. Aliás, esta manifestação não é só por estes setores. Têm de surgir vozes para representar todas as pessoas que, hoje, estão a passar por dificuldades. Este movimento já não é só da restauração ou da noite, mas de todas as atividades económicas que se viram afetadas por esta crise. As pessoas têm consciência que estamos aqui por todos. Basta ver as implicações de tudo isto: a quem vai vender o agricultor ou o pescador se a restauração falir? E isto é só um exemplo…

Já tem uma estimativa de quantas pessoas vão estar na manifestação?

Na manifestação do Porto fomos cerca de 800 pessoas. No Algarve éramos 1500. E todas estas pessoas estão mobilizadas para vir até Lisboa. Há autocarros programados de Norte a Sul do país, incluindo da zona do Alentejo, que entrou há pouco tempo. Tendo em conta o retorno que estamos a ter, contamos reunir alguns milhares de pessoas. Infelizmente, vai ser um dia de chuva. E isso pode sempre acabar por afastar muita gente.

Numa fase em que se apela ao distanciamento social, devido à pandemia, o movimento não está preocupado com a perspetiva de concentrar milhares de pessoas numa rua de Lisboa? Não receiam que a opinião pública possa considerar a vossa posição irresponsável?

Temos apelado, em todas as manifestações – e julgamos que isso tem sido respeitado –, que se cumpra o distanciamento social. É evidente que há exceções, até porque há muitas pessoas que vão a estas iniciativas na companhia das suas famílias. Não podemos esquecer que muitas destas empresas da restauração são familiares. Mas não há outra forma de luta. Não há uma forma de o Governo sentir o nosso descontentamento a não ser com a nossa presença na rua. Infelizmente, não temos outra forma. Gostaríamos de ter, mas não temos.

O movimento “A Pão e Água” tem referido, por diversas vezes, que rejeita conotações políticas, mas na última manifestação em Lisboa, na Praça do Rossio, houve um grupo de pessoa – intitulado “Marcha Pela Liberdade” – que se juntou aos empresários dos restaurantes e da noite. Os organizadores desta iniciativa são militantes do Chega. Não receia que existam partidos políticos que se aproveitem da vossa luta para conquistar terreno?

O movimento “Marcha Pela Liberdade” esteve sempre connosco. O organizador, o José Maria [Álvares], sempre nos disse, desde o primeiro momento, que não era desse partido. Aliás, até referiu que havia partidos por trás da manifestação, mas que não eram o Chega. Mas isto não tem a ver com o Chega, nem com outro partido qualquer. Esse grupo nem sequer era para se juntar a nós. Acabaram por ficar no Rossio, é verdade, e o José Maria até fez um discurso, mas não sentimos que houvesse ali nenhuma mensagem política.

André Ventura foi o único líder partidário presente no Rossio…

Isso é diferente. O doutor André Ventura disse na TV que esteve no Rossio como cidadão, a título particular, mas para isso não precisava de ter publicado uma foto nas redes sociais a dizer: “Nós estamos cá!”. A não ser que ele ouça vozes, quando diz “nós” deverá estar a referir-se ao seu partido, não é? E aí, nós somos contra essa presença, como fizemos questão de afirmar posteriormente. O Bloco de Esquerda, por exemplo, também esteve na manifestação, através da deputada Isabel Pires. Explicámos-lhe que não queríamos nenhuma conotação política, e então ela assistiu ao protesto e não fez quaisquer declarações à imprensa nem publicou nada nas redes sociais.

Com o passar do tempo o nervosismo também tem aumentado. Já houve mesmo confrontos entre manifestantes e a polícia no encontro do Porto. Teme que a situação se possa hoje repetir?

A PSP tem estado sempre connosco, e tem sido exímia na forma como nos tem tratado. Sempre! Da parte da organização do protesto, também vamos ter pessoas que vão controlar possíveis focos de violência, que rejeitamos totalmente. A forma de endurecer a nossa luta está escolhida e vai passar por, muitos de nós, ficarem na Assembleia da República a pernoitar junto às escadarias as noites que forem precisas. E também vamos avançar para uma greve de fome… Passar fome agora ou daqui a uns meses para nós é igual. Portanto, enquanto não existir diálogo com o Governo vamos fazer greve de fome em frente às escadarias da Assembleia da República.

Não tem havido diálogos com o Governo?

Temos falado com o secretário de Estado do Comércio, João Torres. E a informação que temos, neste momento, é que não há dinheiro. Foi precisamente isso que me foi transmitido pelo secretário de Estado: que o Governo não tem dinheiro, não tem liquidez para mais. Se isto é verdade, o Governo tem de assumir: “Nós não temos dinheiro!”. E se temos de esperar pela bazuca que vem da Europa – que, neste momento, até está bloqueada pelas posições da Hungria e da Polónia –, será que o dinheiro chegará a tempo? Mesmo que o apoio chegue logo em janeiro será para injetar nestas empresas? Ou o Governo não estará mais preocupado, numa primeira fase, em reforçar o Sistema Nacional de Saúde e outros setores? Tem de haver sinceridade e seriedade para tratar este assunto. O Governo tem de dizer quais as prioridades e com o que podemos contar verdadeiramente daqui para a frente.

Receia que a ajuda possa chegar tarde demais?

Com toda a certeza. Mesmo que o dinheiro chegue em janeiro, ainda terá de ser distribuído. Quando é que vai chegar? Fevereiro? Março? Em março, estaremos a viver isto há um ano. Os bares e as discotecas estarão fechados há um ano. A restauração estará a funcionar a 50% há um ano, já depois de ter estado fechada durante os dois meses de confinamento. Não há nenhuma empresa que aguente isto. Esta é, aliás, uma das questões que temos colocado diretamente aos membros do Governo nas manifestações anteriores: algum dos senhores conseguiria sobreviver com um ano sem rendimentos? Diga-me um…

Compreende o argumento da falta de dinheiro para a restauração, bares e discotecas?

Quando ouvimos isso… somos obrigados a colocar aquelas perguntas típicas dos pequenos partidos: E a TAP? E o Novo Banco? O Governo responde que faz estas injeções de capital por obrigatoriedade contratual… Mas nós dizemos: já não houve tantas decisões do Governo que passaram da esquerda para a direita e vice-versa… Não há prioridades? Se calhar o dinheiro que foi para a TAP dava para suportar o apoio aos empresários… Por exemplo, por que razão a Câmara de Lisboa está a dar uma “migalha” aos restaurantes e está a dar 11 milhões de euros pela Web Summit 2020? Um evento que não vai dar retorno nenhum… que é online... Como se explica a lógica disto?

A Câmara de Lisboa anunciou um apoio de 20 milhões de euros para o setor da restauração. Não é suficiente?

É um apoio que deixa logo metade dos restaurantes de fora. É que os restaurantes para terem acesso a este apoio não podem ter dívidas. E eu pergunto ao presidente Fernando Medina: Quem é que, neste momento, não tem dívidas? É como prometer soltar um criminoso, com a condição que ele não tenha cometido nenhum crime. Existem, salvo erro, cerca de 110 mil restaurantes em Lisboa, o que daria pouco para cada um, e, mesmo assim, esse pouco só vai ser dado  aos estabelecimentos que não tiverem dívidas, é completamente impossível.

Se o Governo assume, perante o movimento, que não tem dinheiro… Qual será a solução? O que esperam que mude a partir de amanhã?

Esperamos a reabertura da atividade dos restaurantes, dos bares e das discotecas. Quando a ciência, ainda na última sexta-feira, anuncia perante o Governo que os restaurantes são responsáveis por apenas 2% dos casos de novos infetados, alguma coisa tem de mudar. É preciso começarmos  a preparar um regresso gradual à normalidade. Temos de aprender a viver com a covid-19.

Os números da pandemia mostram, porém, que a situação em Portugal está longe de estar controlada. O objetivo é abrir e funcionar como acontecia antes da covid-19?

Não, isso não. A Direção-Geral de Saúde que nos coloque todas as restrições necessárias para podermos trabalhar em segurança. É preciso dar esperança às pessoas – aos empresários e aos clientes – para que possamos voltar a ter uma vida mais próxima do normal.

Mas como podem os bares e as discotecas reabrir?

Existe a capacidade de reinventarmos os espaços de diversão noturna. É evidente que falar numa reabertura quando estamos a atravessar o pico de uma segunda vaga poderia revelar alguma irresponsabilidade. Contudo, temos noção que estes encerramentos compulsivos também provocam eventos clandestinos que, esses sim, são grandes focos de contágio.

Está a falar de festas ilegais?

Sim, claro. Basta eu fazer uma festa em casa com amigos, com 15 ou 20 pessoas, juntarmo-nos todos sem máscara, porque somos amigos e estamos à vontade. A verdade é que depois de passadas duas semanas do anúncio das novas medidas os contágios não baixaram, portanto, alguma coisa aqui está mal, e prova-se que não é fechando os restaurantes ou os bares que as coisas se evitam. Porque as pessoas continuam a juntar-se em casa uns dos outros. Se eu juntar a minha família, pais, tios, primos, e alguém estiver infetado, os outros vão ficar infetados. Depois saem dali, e vão para os seus empregos infetar outros.

E que medidas esperam do Governo para o setor da noite?

Em relação aos bares e discotecas temos de ter apoios a fundo perdido. Não há outra hipótese. Não podemos criar mais moratórias ou créditos para estas empresas. Os bares e discotecas encerraram a 8 de março mas continuam a pagar o layoff, as rendas, os impostos e outras coisas que não tiveram direito a moratórias. As moratórias, por outro lado, estão a transformar-se numa “montanha” de dívidas que na retoma virão todas de uma vez só e, portanto, as empresas e os empresários precisam de soluções para o futuro.

Mas parece que, para já, o caminho escolhido pelo Governo é precisamente o oposto daquele que o movimento “A Pão e Água” defende. Chegou a segunda vaga e o Governo não só não reabriu os bares e as discotecas como avançou para o recolher obrigatório limitando os horários dos restaurantes, sobretudo aos fins de semana e feriados…

O setor da restauração já era exemplar ao nível da segurança alimentar e higiene, antes da pandemia. E isso não mudou. Fez-se, simplesmente, uma ligeira adaptação. O que vemos agora de diferente? Uma medição da temperatura à entrada dos estabelecimentos, a colocação de vários pontos de álcool gel em vários pontos do espaço e o uso da máscara no interior e sempre que o cliente se desloque. Estas foram as medidas tomadas, porque, de resto, os restaurantes já eram os espaços mais seguros que podemos encontrar. Na verdade, foi feito apenas um pequeno ajustamento. Em mais nenhum setor existiam estas exigências. Vamos, por exemplo, comparar com um supermercado. No supermercado, temos uma pessoa à nossa frente, que vai mexer na fruta ou num pacote de bolachas, e ninguém vai limpá-los a seguir, pois não? Nem sequer os carrinhos das compras são limpos com frequência. Nos restaurantes, quando o cliente se senta numa mesa tem a certeza que alguém já foi desinfetar tudo à sua volta, a mesa, a cadeira. Tudo!

Considera, então, que a reabertura dos bares e discotecas poderia funcionar com medidas similares às dos restaurantes?

Exatamente. O que é que nos espaços de diversão noturna não podemos fazer neste momento? Utilizar a pista de dança, onde há aglomerações de pessoas. Podemos transformar uma pista de dança numa sala de convívio, bem equipada, garantindo o distanciamento social de dois metros e a higienização do ar. Aliás, que já existia antes da pandemia. Conheço muito poucos espaços fechados que tenham a capacidade de renovar o ar que têm a maioria dos bares e discotecas. Portanto, existe a capacidade dos estabelecimentos de diversão noturna de se poderem adaptar a uma situação destas. Eu próprio já fiz um projeto de uma discoteca para contexto covid-19: onde as pessoas estão a ouvir música, sentadas numa mesa, onde têm de respeitar o distanciamento social, de circular de máscara para se deslocarem às casas de banho ou irem ao bar, e algumas até podem ter só serviço de mesa. E isto até ajudava a retirar a carga pesada a nível psicológico que as pessoas estão a sofrer neste momento. Ter um bar ou uma discoteca aberta, onde as pessoas podem ir, onde podem estar sentadas a relaxar, a conversar, depois de um dia inteiro em que estão obrigadas a usar máscara (agora até na rua)… era muito importante.

Acredita, então, que esta manifestação  de hoje pode alterar as posições do Governo e termos, em breve, restaurantes, bares e discotecas com horários completos?

Acredito. Mas, neste momento, com todo o respeito, não nos queremos voltar a sentar com o secretário de Estado do comércio João Torres. Temos o objetivo de nos sentarmos à mesa diretamente com António Costa ou com o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira. São eles que nos podem dar respostas mais concretas. Queremos que eles percebam o que está a acontecer, porque, às vezes, penso que eles não entendem exatamente – ninguém pode querer deitar um país abaixo desta forma intencionalmente.

Qual é o impacto da crise no setor da restauração em Portugal? Têm números?

Na restauração, a quebra é na ordem dos 60%. Não nos podemos esquecer que a lotação dos restaurantes foi reduzida para 50%, mas também há menos clientes. A confiança dos consumidores diminuiu devido à covid-19 e, depois, há a crise económica que já se faz sentir. E temos espaços completamente desertos, ainda em pior situação. Da informação que tenho, os restaurantes que não faliram, estão atualmente a prazo, com capacidade para aguardarem apenas mais 30 ou 60 dias, na esperança que se verifique um volte-face nas restrições impostas e nos apoios que poderão surgir.

A situação dos bares e discotecas é ainda mais complicada…

Estão todos em falência técnica. Todos têm custos e não têm receitas, portanto, na prática, todos os bares e discotecas estão em falência técnica, pois as dividas são superiores às receitas. Aliás, cheguei a ter esta discussão com o secretário de Estado João Torres, que me referiu que as quebras eram de 90%, porque ainda se faturou nos primeiros dois meses do ano. Não. As quebras são de 100%, porque desde que começou a pandemia, desde que encerrámos a 8 de março, faturámos zero. É para esses números que temos de olhar.

Depois do confinamento, na fase da reabertura, o Governo impôs regras muito rigorosas direcionadas aos restaurantes, para que estes pudessem reabrir neste contexto pandémico. Também houve bares e discotecas que aproveitaram a oportunidade para se reinventarem e abrirem como restaurantes. Depois de anunciadas estas novas medidas, os empresários destes setores sentem-se traídos pelo Governo?

Nesta matéria há uma dupla traição. A restauração foi traída porque, depois de tanto investimento, viu o Governo incentivar todos os bares e discotecas a optarem pelo caminho da restauração, que era uma forma de poderem rentabilizar o espaço físico, mas que aumentava a concorrência. A segunda traição surge quando os bares e discotecas que seguiram esse conselho, e que investiram largos milhares de euros para se reinventarem – como aconteceu em Lisboa, com o Lá no Rio, o Sky Valley ou o Docks Club –, de repente, passadas apenas duas semanas de terem aberto portas, voltarem a ter de encerrar devido às novas restrições.

Quantos postos de trabalho estão em causa?

Estamos a falar de mais de 100 mil empregos que estão em risco a partir de janeiro. E isto só no que diz respeito a empregos diretos.

O Governo já anunciou medidas de apoio para a restauração,  prevendo dar ao setor o equivalente a 20% da receita perdida nos fins de semana em que estiveram encerrados, tendo como referência a média de faturação registada nos 44 fins de semana anteriores (entre janeiro a outubro). Este anunciou não travou, porém, a contestação. Que leitura faz desta medida?

É uma medida que não faz sentido nenhum, porque durante esse período vivemos uma fase de confinamento, com uma série de restrições que baixaram abruptamente as receitas. Aquilo que tem de ser feito é uma comparação em relação ao mesmo período do ano passado. Só assim será possível perceber quanto faturam, normalmente, os restaurantes de janeiro a outubro, e qual o valor que terão perdido em 2020, devido à pandemia. E aí fazemos a média aos fins de semana e calculamos o apoio aos restaurantes.

E o valor anunciado? Vai ao encontro das vossas expectativas?

Não, não. Não pode ser a 20%. No mínimo, temos de apontar para cerca de 25%.