Miguel Oliveira (KTM Tech3) prepara-se para fechar a temporada 2020 em Portugal, com o Autódromo Internacional do Algarve (AIA), em Portimão, a receber a etapa derradeira do Mundial de MotoGP, no próximo dia 22 de novembro. Porém, independentemente do que acontecer até lá – o piloto português ainda vai correr este fim de semana em Valência, penúltima ronda da prova –, este ano será para sempre uma etapa histórica na carreira desportiva do almadense. A 23 de agosto, Miguel Oliveira alcançou a primeira vitória de sempre na categoria rainha do motociclismo: o feito inédito aconteceu no Grande Prémio da Estíria (Áustria), que terminou com a ultrapassagem alucinante do luso a Jack Miller (Pramac) e Pól Espargaró (KTM) na última curva do Red Bull Ring. A inteligência e astúcia demonstradas pelo luso correram mundo após o final de loucos, com Oliveira a subir ao lugar mais alto do pódio pela primeira vez nos momentos iniciais do seu segundo ano em MotoGP. Já no último domingo, Oliveira conseguiu o segundo melhor resultado do ano no GP da Europa (12.ª corrida do ano), igualando o quinto lugar conseguido no GP da Emilia Romagna.
Com três top-5 registados no Mundial2020, o luso da Tech 3 aponta novamente aos cinco primeiros lugares no GP da Comunidade Valenciana (13.ª etapa), que vai disputar-se novamente no circuito Ricardo Tormo, em Espanha, no próximo dia 15. “Julgo que agora temos uma ideia clara sobre o que podemos melhorar este fim de semana. A equipa fez um trabalho fantástico num tão curto espaço de tempo para me dar uma mota competitiva para a corrida de domingo [passado]”, referiu o piloto natural de Almada, que ambiciona mais uma vez “estar no grupo da frente”.
Com 90 pontos, Miguel Oliveira ocupa o 10.º lugar na geral, a dois do nono classificado, o australiano Jack Miller (Ducati).
Já o espanhol Joan Mir (Suzuki) está a um pequeno passo de sagrar-se campeão mundial, pelo que o título pode até ficar decidido antes de a prova chegar a solo português. Depois do triunfo inaugural em Moto GP ter sido alcançado na antepenúltima corrida da temporada, o espanhol aumentou a vantagem na liderança para 37 pontos – o francês Fabio Quartararo (Yamaha) e o compatriota e colega de equipa Alex Rins fecham o pódio, em segundo e terceiro lugares, respetivamente, com os mesmos 125 pontos.
Apesar das várias conjugações de fatores que permitem que Mir vença já no domingo o primeiro título em Moto GP, o espanhol sabe que se terminar a próxima corrida no pódio sagra-se campeão da edição de 2020, independentemente das posições dos rivais. Entre os cenários possíveis, destaque para a possibilidade de o espanhol chegar ao título sem sequer pontuar nesta penúltima ronda: para esta possibilidade se verificar, Morbidelli e Dovizioso não podem terminar melhor que 3º, Viñales não pode terminar no pódio, e Quartararo e Rins não podem segurar melhor que o 5º lugar.
O piloto de 23 anos garantiu que agora é hora de “ser mais inteligente do que nunca”. “Temos uma vantagem de pontos muito boa (…), vou tentar repetir (a vitória) na próxima corrida, para ver se tenho potencial para vencer, ou, caso contrário, tentarei marcar bons pontos”, comentou sobre os objetivos para o GP de Valência.
Mir não tem dúvidas que a vitória no GP da Europa chegou no “momento perfeito” e afasta qualquer tipo de pressão em relação à possibilidade de conquista antecipada do título: “Acho que a pressão real, que eu felizmente não tenho, é para aqueles que neste momento não podem pagar a renda por causa da pandemia de covid-19, essas pessoas que neste momento não conseguem por comida na mesa, eles é que tem a verdadeira pressão!”. “Sempre que me fazem perguntas sobre pressão, penso nisso… Eu não tenho pressão, este é o meu trabalho e vou estar sempre bem, sou um privilegiado!”, rematou o antigo campeão mundial de Moto3 (2017).
De notar ainda que a Suzuki apresenta neste momento sete pontos de vantagem sobre a Ducati no Mundial de Construtores de MotoGP e pode conquistar também no próximo fim de semana o título pela primeira vez em MotoGP desde 1982. Para confirmar o triunfo, 38 anos depois, o primeiro piloto da Suzuki à meta terá que registar 18 pontos de vantagem para o primeiro piloto da Ducati, mais um ponto do que o primeiro piloto da Yamaha e não ceder mais do que três pontos.
Como mencionado, segue-se depois o encerramento da temporada com a ronda algarvia, que ficou entretanto proibida de contar com adeptos nas bancadas, devido às restrições impostas para conter a propagação do novo coronavírus.
Miguel Oliveira espera fechar o ano com chave de ouro, na primeira corrida em ‘casa’.
De relembrar que o almadense vai ser promovido à equipa oficial da KTM em 2021, depois de duas temporadas na Tech3, equipa satélite do construtor austríaco. Oliveira fará equipa com Brad Binder, com quem também já tinha estado na KTM oficial na categoria abaixo (Moto2).
“Ele [Miguel Oliveira] é fixe, polido, inteligente e bem educado”, havia comentado Hervé Poncharal, francês que lidera a Tech 3, sobre o luso, após a vitória histórica no circuito austríaco.