Comerciantes revoltados com privilégios das grandes superficies

Comerciantes revoltados com privilégios das grandes superficies


O confinamento do pequeno comércio aos fins de semana deixa-o numa situação ainda mais complicada. Qual a razão para os hipermercados poderem servir refeições no interior dos seus estabelecimentos e os cafés de bairro estarem proibidos de o fazer? Muitos dizem que vão fechar portas aos sábados e domingos.


“Desde muito novo que acompanhei o meu pai e isto tornou-se a minha vida há 22 anos”, começou por explicar António Marcos de Sousa que, aos 46, encara o Martinho da Arcada, acima de tudo, como parte integrante da vida como um todo e não apenas como sinónimo de rendimento. Até porque, para assegurar o pagamento dos ordenados aos outros 13 funcionários, António e o pai abdicaram dos seus em março. Deixou de haver turismo, já não existem serviços como os da banca ou os variados Ministérios: em suma, a Baixa “está adormecida” e os gerentes recorreram a uma solução. Pediram um empréstimo mas, mesmo assim, alguns contratos a termo não foram renovados. “Não foi por nossa vontade, mas vimo-nos obrigados a isso”, explicou António, para quem este restaurante inaugurado em 1782 e situado em pleno Terreiro do Paço “não pode acabar”, até porque se ele e o pai não derem conta do recado, “alguém virá a seguir”.

Em relação à insolvência, ainda não é colocada em cima da mesa, porém, o proprietário define um prazo de seis meses a um ano para a melhoria do panorama e posterior tomada de decisões. “Se não melhorar, teremos de ir por outros caminhos”, revelou junto da mesa de mármore em que outrora Fernando Pessoa se sentava. O poeta é um dos vários nomes ilustres da vida portuguesa que passaram pelo estabelecimento. Na ótica de António, que sorri enquanto vislumbra o exemplar d’A Mensagem que se encontra cuidadosamente pousado junto de uma fotografia do poeta em que está ao colo da mãe, este diria “Como tudo mudou!” caso entrasse no Martinho da Arcada por estes dias.

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