Na semana em que o Instituto Camões foi acusado pelo Sindicato dos Professores nas Comunidades Lusíadas (SPCL) de ignorar “vários casos de risco de Covid-19 entre os professores de português no estrangeiro”, o instituto aproveitou o Dia da Música para virar a página, apresentando um programa com vista a criar 800 novos empregos nas áreas da música, artes cénicas e literatura infantojuvenil nos PALOP e Timor-Leste, metade dos quais para mulheres. Esta iniciativa foi apresentada ontem, em Lisboa, e é inédita na medida em que permitirá que, pela primeira vez, entidades de direito público ou privado a operar no setor cultural nos PALOP e Timor-Leste se candidatem a subvenções até 7,8 milhões de euros. A aposta é feita na formação, através do reforço de competências técnicas, artísticas e de gestão de recursos humanos do setor, contemplando ainda o apoio técnico e financeiro para reforço de produtos e serviços culturais.
Chama-se “Procultura”, um nome que não deve muito à imaginação, mas o presidente do Camões – Instituto de Cooperação e da Língua, Luís Faro Ramos, não podia ter sido mais enfático ao elogiar o trabalho do instituto sob a sua alçada, afirmando que se trata de um “projeto pioneiro”, e acrescentando que “os olhos europeus estão em nós”. A ação é financiada pela União Europeia e pela Fundação Calouste Gulbenkian, e vai contemplar a criação de 12 cursos técnicos, dois em cada país, dos quais resultarão 300 alunos finalistas, 208 bolseiros internacionais, 420 gestores formados e 180 pequenos negócios. As candidaturas ao “Procultura” poderão ser apresentadas até 9 de novembro, e Luís Faro adiantou que “estranharia se não existissem muitas candidaturas”, até tendo em conta as circunstâncias atuais, com os efeitos da pandemia de covid-19, que está a afetar particularmente o setor cultural.
Já no que toca às acusações do SPCL que, num comunicado enviado às redações, garante que o “instituto não demonstra qualquer preocupação com a existência de vários casos de risco entre os seus assalariados, não tendo feito qualquer levantamento dos mesmos nem tendo enviado para os vários países onde funcionam cursos informação sobre os ditos casos ou os direitos legais dos afetados”, Luís Faro Ramos sacudiu a chuva do capote nas declarações que fez à Lusa: “Não temos que conhecer, nem devemos, as fichas médicas dos nossos docentes. Dito isto, se nos fosse reportada alguma situação de risco tomaríamos as medidas que por lei se impõem.”