Euro 2000.  Um sonho desfeito a golpes de bandeirinha!

Euro 2000. Um sonho desfeito a golpes de bandeirinha!


Uma equipa de Portugal encantadora como poucas saiu da prova de uma forma triste: com a confusão que se seguiu ao penálti de Abel Xavier.


A manhã que se seguiu à derrota de Portugal pela França no Heysel foi dura. Mesmo muito dura. No espaço de quatro anos, calhou que jogássemos em estádios malditos. Contra a Dinamarca em 1996, Hillsborough: 96 mortos, no dia 15 de abril de 1989, entre Liverpool e Nottingham Forest para a Taça de Inglaterra. Dia 28 de junho de 2000, Estádio do Rei Balduíno, de nome mudado para disfarçar os demónios que o povoavam: 39 mortos.

Levantei-me de madrugada, Isto é, não cheguei a deitar-me. O momento da partida de um Europeu ou de um Mundial é das coisas mais dolorosas que nos aplicam, como se fossem sinapismos de mostarda. Apanhei o primeiro comboio para o Luxemburgo. Tinha borborigmos no estômago e as frontes a estalar. Depois daquele fiscal de linha de nome arrepiantemente kafkiano, Igor Sramka, que só lhe faltava acordar certa manhã transformado num enorme escaravelho, o faxes voaram para a sede onde se reunia o comité de disciplina da UEFA. Abel Xavier, Nuno Gomes e Paulo Bento teriam sido apanhados a tentar molhar a sopa na personagem de Kafka, Figo safou-se por uma unha negra. O relatório era assassino. Temia-se o pior. Figo, furibundo, exclamava no final: “Já não há verdade. O futebol é um negócio”. A França ganhara com o golo de ouro de penálti de Zidane à beirinha do fim do prolongamento. Manda dizer a verdade, a mesmíssima verdade com que Alexandre Herculano asseverou que D. Afonso Henriques não viu a imagem da Virgem Maria na véspera da Batalha de Ourique, que Abel tocou na bola, e com a mão, quando ela tomava o caminho da baliza.

 

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