A terceira etapa da Liga nacional de surf está à porta e este ano vai decorrer na Praia Grande, em Sintra. “É com grande satisfação que confirmamos o regresso do melhor surf nacional a Sintra. É muito positivo para o concelho, não só porque a Praia Grande é uma das praias mais frequentadas por surfistas de toda a região de Lisboa, como também pela qualidade das suas ondas. Abraçamos esta etapa com muito entusiasmo e damos as boas-vindas a todos os que vão participar nesta que é a melhor liga nacional da Europa”, afirmou Basílio Horta, presidente da Câmara Municipal de Sintra, após a confirmação do calendário. Também Francisco Rodrigues, presidente da Associação Nacional de Surfistas (ANS), abordou esta substituição na agenda: “Estamos muito satisfeitos por trazer a Praia Grande para a agenda da principal competição nacional. É um local de treino de muitos dos nossos principais surfistas, assim como é uma das praias mais consistentes do verão em Portugal”. De notar que o campeonato ganhou este ano importância extra depois de a World Surf League (WSL) ter cancelado a temporada de 2020 na sequência da pandemia de covid-19. Aliás, a Liga MEO Surf fez história no passado mês de junho, após tornar-se o primeiro evento da modalidade a ser retomado a nível mundial. Num ano atípico para o desporto e, neste caso em concreto, para o surf, os títulos nacionais tornaram-se a meta primordial para os vários surfistas. “Poder estar a competir, mesmo nestas circunstâncias todas, acaba por ser um privilégio. Tenho amigas estrangeiras que adorariam estar na minha posição, a poder competir”, lembrou em declarações à ANS Teresa Bonvalot, atual vice-líder do ranking nacional e uma das principais surfistas portuguesas no palco internacional. Também Carolina Mendes, líder do ranking feminino, destacou a importância da prova no cenário atual: “Com tudo o que aconteceu este ano no cenário internacional, a Liga MEO Surf tornou-se uma enorme mais-valia, uma grande oportunidade para me manter ativa e a evoluir”.
“É sempre bom podermos manter a consistência de campeonatos. Revalidar o título nacional já era um dos meus objetivos do ano e, assim, torna-se um objetivo ainda maior”, reforçou também Miguel Blanco, atual bicampeão nacional.
Frederico Morais novamente presente
Frederico Morais tem sido um dos principais destaques da temporada portuguesa. Com as provas internacionais suspensas, o único surfista luso a integrar o circuito mundial de surf voltou a disputar a mais importante competição caseira. O cascalense sagrou-se já campeão nacional duas vezes, em 2013 e 2015, e, neste momento, lidera o ranking masculino, juntamente com o jovem Afonso Antunes. Kikas lidera a prova após ter vencido a primeira etapa do campeonato, o Allianz Figueira Pro, feito que conseguiu pela segunda vez na carreira (já tinha vencido a etapa da Figueira da Foz em 2012). Antes do triunfo alcançado em junho passado, a última vez que Frederico Morais tinha vencido na Liga MEO Surf havia sido em 2016… em Sintra. Em 2017, o cascalense juntou-se à elite mundial e deixou de ser presença regular na Liga. “Ainda não sei se a WSL me vai dar autorização para fazer a Liga MEO Surf na totalidade. Neste momento, o meu objetivo está apenas na Praia Grande e é a única coisa que posso garantir”, afirmou o surfista, que conta atualmente com 13 vitórias em etapas da Liga.
Também no topo deste ranking pode ser encontrado Afonso, de apenas 16 anos, que alcançou a primeira vitória da carreira na Liga na Ericeira, palco da segunda etapa, disputada entre 3 e 5 de julho. Na praia de Ribeira d’Ilhas, Afonso bateu na final o campeão nacional, Miguel Blanco. “É dos dias mais felizes da minha vida. É um resultado merecido depois de tudo o que passei no início do ano, quando parti a perna. Trabalhei muito para estar aqui. Agora vou dar tudo para vencer a próxima etapa”, avisou, após a inédita conquista.
Ritmo e preparação extra
Os surfistas portugueses são atualmente os únicos com ritmo competitivo consistente (por exemplo, em França e na Austrália houve apenas eventos pontuais e locais), e este pode também vir a ser um fator decisivo na hora de regressar às provas internacionais. Para a campeã nacional em título, Yolanda Hopkins, isso é quase uma certeza: “É muito bom não estarmos parados, porque quando tudo regressar penso que vou estar mais preparada que as surfistas do resto do mundo”.
Este ponto de vista é, de resto, partilhado por vários surfistas, caso de Miguel Blanco e Carolina Mendes. “Com o nível que a Liga MEO Surf tem, é uma boa forma de nos prepararmos para as provas internacionais. O facto de não termos estado um ano parados pode dar-nos alguma vantagem quando tudo regressar à normalidade”, assegurou o surfista da Linha. “Tento sempre ver as coisas pelo lado positivo e o facto de sermos os únicos a competir pode ser uma vantagem para os atletas portugueses”, defendeu a jovem.
Recorde-se que após ser disputada a terceira etapa, em Sintra, a Liga MEO Surf vai conhecer a habitual pausa de verão. Ainda sem datas definidas, sabe-se para já que a prova vai ficar concluída com as tradicionais cinco etapas, com as últimas duas a acontecerem no Porto e em Cascais, respetivamente.