Leeds United. Os pavões brancos começaram a sorrir…

Leeds United. Os pavões brancos começaram a sorrir…


Desde 2004 que um dos grandes senhores do futebol inglês se arrasta pelas divisões inferiores, sonhando com a Premier League. Está quase!


Instalado no primeiro posto da Championship (a ii Liga inglesa), o Leeds United prepara-se para regressar ao escalão principal do futebol inglês e retomar, assim, o lugar que lhe é devido entre os grandes, logo no ano em que se prepara para comemorar o centenário, no próximo mês de outubro.

Nascido das ruínas do Leeds City (fundado em 1904), o Leeds United viveu os primeiros 40 anos da sua existência numa roda-viva de subidas e descidas, incapaz de se manter consistentemente na prova principal. Só com a chegada da sua primeira grande estrela, o galês John Charles, marcador emérito de golos, que viria a ser transferido para a Juventus por 65 mil libras esterlinas e, em seguida, de Don Revie, um treinador revolucionário, as coisas entraram nos eixos.

Revie alterou por completo a política desportiva do clube, ao ponto de ditar o equipamento todo branco, à Real Madrid, que em breve se imporia na Europa. Curiosamente, antes de conseguir o primeiro dos seus títulos de campeão inglês, em 1968-69, já os rapazes de Leeds tinham surgido em duas finais da Taça das Cidades com Feira, perdendo a final de 1966-67 para o Dínamo de Zagreb e conquistando a de 1967-68 frente ao Ferencvarós (voltaria a ganhar em 1970-71).

Campeão! Servido com jogadores da classe de Jack Charlton, Terry Cooper, Norman Hunter, Billy Bremner, Terry Yorath, Joe Jordan e Peter Lorimer, os peacocks (pavões), como são conhecidos, garantiram o título inglês em 1969, num jogo épico em Anfield, frente ao Liverpool, que terminou 0-0. Felizes, saíram de campo sob uma tremenda ovação vinda dos adeptos adversários. Mereceram-na bem. Bateram os recordes de pontos à época (67), de maior número de vitórias (27) e de menor número de derrotas (2).

Não restavam mais dúvidas de que Don Revie tinha construído uma das equipas mais fortes das ilhas britânicas. Na época seguinte lutou até ao final pelo triplete, perdendo o campeonato por dois pontos para o Everton, a Taça de Inglaterra por 0-1 para o Chelsea, após jogo de desempate, e caindo na meia-final da Taça dos Campeões aos pés do Celtic. Nova desilusão na época seguinte, ficando em segundo, a um ponto do Manchester United, mas compensando com a conquista da Taça das Feiras, derrotando a Juventus na final. O Leeds United não abandonava as carruagens da frente do futebol da Europa. Novo triplete esteve nos sonhos dos adeptos na época que se seguiu: terceiro no campeonato, finalista da Taça de Inglaterra e da Taça dos Vencedores de Taças. Finalmente, em 1973-74, o segundo título de campeão. Revie saiu para treinar a seleção inglesa, chegou a Elland Road o jovem e polémico Brian Clough, que não durou muito tempo. Foi o seu substituto, Jimmy Armfield, que conduziu a equipa a outro momento extraordinário da sua existência ao defrontar o Bayern de Munique na final da Taça dos Campeões Europeus (0-1).

O clube crescera para além do tamanho da cidade que o sustentava. Entrou numa fase difícil, baixou à ii Divisão. Nos anos 90 e até início de 2000, George Graham e David O’Leary trouxeram-no de novo à superfície: campeão em 1989-90, presença na Liga dos Campeões. Depois implodiu financeiramente, rondou a bancarrota, foi obrigado a recomeçar a vida nas divisões inferiores. Agora, com Marcelo Bielsa, os pavões brancos estão à beira de sorrir…