Daniel Serra. “Ter um restaurante aberto é sinal de mais custos”

Daniel Serra. “Ter um restaurante aberto é sinal de mais custos”


O presidente da Associação Nacional de Restaurantes, a Pro.var, diz que já existem muitas empresas a pensar despedir colaboradores e acredita que cerca de uma em cada três empresas irão encerrar.


Como está o setor a adaptar-se à reabertura, com todas as novas regras?
Apesar de as regras só terem sido conhecidas uma semana antes da data de abertura, o setor da restauração cumpriu com normalidade, contando com a colaboração e compreensão dos clientes. As adaptações foram feitas com o rigor pedido, mas a maior dificuldade teve a ver com os distanciamentos e a lotação. Os colaboradores aprenderam rapidamente os novos processos e procedimentos, pois já estavam habituados ao cumprimento do plano de Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos (HACCP na sigla inglesa). O que se pede agora está na mesma linha de exigência, embora com maior frequência e de forma mais visível ao público. Também os clientes aderiram com muita facilidade e compreensão às novas regras, tendo sido colaborantes e muito tolerantes com algumas pequenas falhas que acabam por ocorrer. O esquecimento da máscara e da desinfeção das mãos por parte dos clientes é algo que, naturalmente, ainda acontece devido à falta de hábito, mas é facilmente resolvido com uma pequena chamada de atenção. 

Há muitos restaurantes que não conseguiram voltar à atividade?
A restauração é hoje reconhecida como um setor fulcral para a economia portuguesa, sendo unânime o reconhecimento e a importância da gastronomia para a atratividade do turismo português. Na última década, a gastronomia portuguesa foi reinventada. O aparecimento de novos chefes, criativos e inovadores, acabou por dar um dinamismo muito importante ao setor, contribuindo para o aumento da atividade da gastronomia portuguesa, que é hoje um ativo fundamental para o turismo. Portugal é um destino gastronómico por excelência e isto em muito se deve à resiliência e dedicação de muitos destes chefes. Atualmente são estes mesmos chefes que estão a ter maior dificuldade em se adaptarem a esta nova realidade, em que a cozinha do fine dining está a ser preterida pela gastronomia mais tradicional. O voltar às origens, a procura pelo simples, pelas receitas e sabores mais tradicionais que acompanharam gerações fazem hoje parte das preferências dos portugueses, uma realidade que se reflete na reabertura dos restaurantes, sendo os mais tradicionais que acabam por abrir, enquanto os que privilegiavam as experiências gastronómicas mais contemporâneas ainda se mantêm encerrados. 
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