A história parece saída de um argumento – e tem todos os ingredientes para, quem sabe, possa um dia ser adaptada à ficção. Começa com Claudia Borgogno, uma contabilista italiana de 58 anos que, no Natal do ano passado, recebeu uma rifa. Tratava-se de um presente do filho, Lorenzo, que resolveu apoiar a Care, uma organização humanitária que organizou o sorteio para angariar fundos para levar água potável a aldeias em Madagáscar e nos Camarões.
Ora, entre os prémios do sorteio – que rendeu mais de cinco milhões de euros, com a venda de mais de 50 mil rifas – contava-se uma obra de Pablo Picasso, cedida pelo bilionário David Nahmad. Trata-se de uma natureza morta, de 1921, de pequenas dimensões (23 cm x 46 cm) e que estava avaliada em cerca de 1,1 milhões de euros – um valor do qual Nahmad discorda, afirmando que valerá duas ou três vezes mais.
Na quarta-feira, o sorteio que deveria ter ocorrido em março aconteceu finalmente em Paris, e Claudia Borgogno nem queria acreditar quando soube que tinha ganho a obra do pintor malaguenho. Lorenzo nem se tinha apercebido de que o sorteio se ia realizar esta semana, até que recebeu a chamada dos promotores do evento e ligou finalmente à mãe. «Quando lhe anunciei que ela tinha ganho, só me dizia: ‘Não brinques comigo», disse esta semana à BBC. A cereja em cima do bolo é que Claudia Borgogno era mesmo fã incondicional do trabalho de Picasso.