Dez anos após visita a Portugal. As controvérsias de Bento XVI escritas em mais de mil páginas


Temas como o aborto, o celibato e o casamento entre pessoas do mesmo sexo são abordados no livro. Joseph Ratzinger diz que, hoje em dia, quem se opõe a falar destes temas é “excomungado da sociedade”.


A biografia autorizada de Joseph Ratzinger chegou há uma semana às livrarias alemãs e, apesar de ainda não ter sido traduzida para outra língua, já é tema de conversa um pouco por todo o mundo. A história do Papa emérito, que renunciou a 28 de fevereiro de 2013, é contada ao longo de mais de mil páginas por Peter Seewald, com quem Ratzinger já tinha, em coautoria, publicado livros como Bento xvi – Conversas finais e Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos.

Numa entrevista feita em 2018, e publicada pela primeira vez em Benedikt xvi – Ein Leben (Bento xvi – Uma vida, numa tradução livre), o Papa emérito diz, segundo o Guardian, que existe “uma ditadura mundial de ideologias aparentemente humanistas”, e que esta é a grande ameaça da Igreja Católica. No último capítulo do livro, Ratzinger afirma que, há um século, todas as pessoas considerariam “absurdo” falar sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. “Hoje, aqueles que se opõem a falar sobre o tema são excomungados da sociedade”, afirma, acrescentando que o mesmo acontece com temas como o aborto ou a “criação da vida humana em laboratório”, onde se pode, por exemplo, incluir a fertilização in vitro. “É natural para as pessoas temerem o poder espiritual do anticristo”, acrescenta, segundo a publicação britânica, na mesma entrevista.