O campeonato nacional de futebol da i Divisão é tão profundamente macrocéfalo que, para além de Benfica, FC Porto e Sporting, só teve dois outros campeões: Belenenses (1945-46) e Boavista (2000-01). Mas, descendo mais um lugar, a ditadura mantém-se. Belenenses (1936-37, 1954-55 e 1972-73); Académica (1966-67); V. Setúbal (1971-72); Boavista (1975-76, 1998-99 e 2001-02); e Sp. Braga (2009-10). A supremacia dos grandes é tão gigantesca que sufoca todos os outros. Imaginem, portanto, o que significou o segundo posto da Académica e do Vitória de Setúbal, únicos a entrar na grande dança antes do advento do 25 de Abril.
Da extraordinária aventura da Académica já aqui falei a passada semana. Seria o Vitória de Setúbal a copiar a saga dos estudantes. Mas houve uma diferença fundamental na forma como cada um surgiu na ribalta do futebol português. Enquanto a Académica assentava o seu trabalho no talento de jogadores que iam e vinham ao sabor da sua vontade de estudar ou de jogar futebol, numa filosofia que andava de mãos dadas com o amadorismo, o Vitória Futebol Clube dos anos 60 e 70 foi uma obra pensada, trabalhada e concluída.
A inauguração do Estádio do Bonfim, em 16 de setembro de 1962, foi um dos passos fundamentais para a aplicação dessa estratégia. Com o novo campo, com lugar para 35 mil espetadores, surgiu a estreia nas competições europeias e a aproximação e fixação nos lugares da frente. Em 1964-65, o Vitória conquista a sua primeira Taça de Portugal. Com Fernando Vaz, adota um estilo de jogo ao gosto do seu mestre Cândido de Oliveira, que o implantara na Académica: progressão com base em passes curtos, certeiros, exploração das laterais com extremos criativos, aproveitamento de avançados-centro muito móveis.
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