Custou, mas aconteceu. Depois de mais de 16 meses de bloqueios e três eleições sem um vencedor claro, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o seu principal rival político, Benny Gantz, conseguiram esta segunda-feira um acordo para formar um Governo de unidade nacional, face à ameaça da pandemia de coronavírus.
A liderança do Executivo será rotativa entre os dois – mas Netanyahu será o primeiro, mantendo-se no seu cargo mais uns 18 meses. Contudo, nada é ainda certo: continua a ser necessária uma maioria dos deputados. E boa parte do partido de Gantz, a Coligação Azul e Branca, não está nada satisfeita com o acordo, assim como alguns dos aliados do primeiro-ministro. “Netanyahu está a mostrar-nos a porta”, já declarou o partido de extrema-direita Yamina.
Caso consiga que seja aprovado, este acordo parece ser exatamente o que Netanyahu precisava. O primeiro-ministro tem sido alvo do procurador-geral israelita, Avichai Mandelblit, que o acusou judicialmente de corrupção, num julgamento que começará a 24 de março – no acordo está explicito que Netanyahu terá direito de veto quanto ao próximo procurador-geral, segundo o Haaretz.
“Prometo ao Estado de Israel um Governo de emergência nacional, que irá salvar as vidas e rendimentos dos cidadãos israelitas”, declarou Netanyahu. Gantz acrescentou: “Evitámos umas quartas eleições”.
O antigo chefe do Estado-maior tem sido acusado de hipocrisia por ter prometido durante a campanha eleitoral nunca aliar-se a Netanyahu, em qualquer circunstância, e ter mudado de ideias devido à pandemia. Mas deixou bem claro: “Vamos proteger a nossa democracia e lutar contra o coronavírus”.
“O homem que era suposto ser o primeiro-ministro que traria mudança decidiu levantar uma bandeira branca”, criticou Tamar Zandberg, líder do Meretz, um partido ecologista de esquerda, citada pelo Jerusalem Post. Zandberg acusou Gantz de “vender o mandato que a maioria lhe deu a um corrupto”